sábado, 19 de julho de 2025

Blue eyes

Imagem: Internet

Uma beleza delicada, quase frágil,
numa fisionomia imponente, algo impotente,
olhos azuis e um sorriso bonito,
sedutor, cauteloso, amável e maroto. 

Uma conversa lenta e agitada,
uma noite animada, amada,
desejada. 

Uma aproximação lenta, tímida,
cuidadosa, mais madura,
mas não menos insegura de seus
atributos inúteis e outros também úteis.

Um diálogo há anos impensável,
mas agora possível.
A adolescência presente e adultizada
nas verbalizações do que se é,
do que se espera,
do que se faz,
do que ainda não.

Saguão de espera de novos capítulos,
saber quais serão os títulos
e funções, a extensão emocional,
a intimidade buscada e temida.

Mãos macias, belas bacias,
um olhar falante, quero ouvir mais e mais e mais,
para deglutir-te toda em corpo,
mente, espírito, nada à-toa.

Quero ser tido por ti,
quero te ter tida por mim,
quero coragem, quero amor,
quero crescer e fazer crescer,
pelo amor, não a paixão.
E então?

domingo, 13 de julho de 2025

Do que é pendular

Imagem: Pixabay

Nenhum extremo me agrada,
pois todo extremo agrava
a diferença entre os iguais,
o distanciamento dos próximos,
atos de hostilidade brutal
entre os ditos civilizados.

Nenhum extremo me agrada,
pois agride e desqualifica
o que pensa diferente,
o humano do ser,
que deveria ser humano,
pois fomenta, então, o ódio,
onde devería-se semear amor.

Nenhum extremo me agrada,
pois o extremo aplaude a guerra,
gera guerra entre pessoas,
inventa a guerra, toma um lado torto,
como torta é toda guerra,
numa Terra onde deveria reinar a paz.

Nenhum extremo me seduz,
pois os extremos são contra
o meio de onde vim,
o equilíbrio, a ideia de que,
em meio a um universo infinito,
tudo que há deve tender ao centro
e não ao fomento de um movimento 
pendular, um tormento.

Pois nenhum extremo me agrada, 
que se acha detentor da verdade,
da razão, da autoridade, e quanto ao outro,
o pinta de mentira, numa realidade
de falso 
e verdadeiro constante,
como se só houvessem anjos e demônios
onde os meios termos somos nós,
meio deuses, maio satãs,
totalmente humanos, é o que deveríamos ser.

Pois o pêndulo pende,
o pêndulo tende
a beirar a extremidade,
independente da idade,
desde que posto em movimento.
É preciso parar e pensar
como meio de encontrar
não os limites da imbecilidade,
mas as vastidões do que há
entre as ideias opostas.

terça-feira, 8 de julho de 2025

Do que é torto

Imagem: Internet
Nas igrejas se amontoam
gente toda a buscar obter
de graça toda a graça
que de graça não vem não.
Acho graça!

Amontoam-se joelhos, adorações tortas,
filhas mortas, filhos tortos, gritos,
mãos ao alto, é um assalto,
línguas estranhas, dor nas entranhas.

Se vê mais do diabo que de deus,
mais de tormentos, falcatruas,
do que fé bonita e crua.

Segue a regra de pregar que viver é conquistar
casa, carro, fortuna, sucesso, matéria, que miséria!,
pregações de iluminados sem luz,
sem nenhum respeito à cruz
de nosso senhor Jesus,

arrebatam multidões, com canhões, mentiras e rojões,
pregam o céu de dentro do inferno,
são mais próximos do tinhoso
do que do bom e carinhoso pai.
Ai ai...

Reviravoltas

Imagem: Internet

Dos encontros mais loucos, filhos poucos,
paira no ar, um desejo, um lampejo
de ser e querer mais,
mas não mais do mesmo, não mais daqui,
não mais tangível pras mãos, mas sentido
com a alma, vivido com calma,
onde a paz é, simplesmente por ser paz,
sem busca desenfreada, sem que trabalho seja angústia,
sem que a dor se precipite,
sem que se precise de palpite.

De encontros e desencontros
vivo eu a sonhar em encontrar um deus
mais perto da minh’alma, do meu ser,
menos tirano, menos ser, menos persona,
mais todo, mais deus, mais além,
mais amor, menos torpor.

Dos encontros mais loucos
extraí algum suco bom e nutritivo,
cruel, talvez, intuitivo, me encontrei a saber
que sou algo além do que já sou,
algo aquém do que posso ser,
algo amém.