De todas as saudades que sinto, as piores são as saudades de tudo que não vivi e não viverei. Em tantas coisas colocou-se um ponto final, fecharam-se os parêntesis, terminou-se o livro, eliminou-se a continuidade. Tantas escolhas que nós não escolhemos, tantas heranças que nós não queremos. Mas vai goela abaixo, à força, porque a vida é como uma democracia nazista e nós, os pobres judiados.
quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
Margens II
A margem se estreita
Nado à margem da margem
À margem do que se estreita
Nado estreito, restrito
Naco contrito
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segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
Vice-versa
O riso e o choro às vezes estão tão próximos que um se transforma no outro numa facilidade tamanha que chega a assustar.
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domingo, 27 de janeiro de 2013
Morte coletiva
A cada pedido
de socorro
que não posso socorrer,
uma parte de mim
mina,
definha,
esgarça,
destroça,
se perde,
morre sem socorro algum.
sábado, 26 de janeiro de 2013
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
Rasgo
Difícil manter o sorriso quando a pele vai se desfazendo num rasgo e os dentes à mostra assustam como o sorriso do "bom humor" de uma caveira.
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Espetáculo
Difícil ter que assistir ao espetáculo da vida quando a peça apresentada é uma peça pregada. Nos tornamos fantoches e prisioneiros dessas cordas invisíveis.
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sábado, 19 de janeiro de 2013
Es.GOTA.mento
Arte: Tonho Oliveira - Porto Alegre/RS |
Eis que se liga a TV...
(a gente: TV sangrando).
Notícias secas sobre o esgotamento líquido do sangue de vidas ceifadas em overdoses diárias.
(a gente: TV sangrando).
Notícias secas sobre o esgotamento líquido do sangue de vidas ceifadas em overdoses diárias.
Obs.:
Este trabalho, em parceria com Tonho Oliveira, também se encontra publicado em seu blog Pô-ética. Confiram lá também.
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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013
Civiliza
A civilização é a manifestação máxima do retrocesso humano.
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terça-feira, 15 de janeiro de 2013
Ácida de
Minha cidade é assim, tumultuada, nebulosa, cheia de tempestades e surpresas. Pode construir ou destruir. Cidade ácida, que desrespeita vontades individuais e faz da coletividade um amontoado de concreto.
Minha cidade é cheia de ruas e opções teóricas, é cheia de gente, cheia de ruas repletas de solidão e caminhos que serpenteiam a rumo nenhum. Ela não dá dicas, só confunde, e não é jamais conduzida e nem aponta o bom caminho. Os maus caminhos se encontra até sem querer.
Minha cidade é um tumulto de trânsito e buzinas que enchem a cabeça de sons, gritos e lamentos. Há também beleza na minha cidade, mas me parece pontual. A geral visão e vivência da cidade enche os olhos de desigualdades e revoltas. Minha cidade é grito de alerta, mas também pedido de socorro, pedido em código Morse. Ouve-se, mas poucos entendem o SOS e seguem como se nada tivessem a ver com aquilo, como se nem fizessem parte daquilo, como se também não fossem uma célula da cidade, um neurônio. E são!
Minha cidade é repleta de zumbis que não morreram. Diferentemente dos filmes, tentam aparentar inteligência, caminham normalmente e se fazem de normais. Devoram-se por outros meios, morrem de outras formas, aterrorizam com ares de trivialidade. Tudo pulsa, até em milhares de pulsos que vão se apagando, parando de pulsar.
Minha cidade é um amontoado de energia, causando choques mortais e desperdiçando seu potencial. Energia derramada como raios de tempestades, que queimam, derrubam, às vezes matam ou dilaceram. Minha cidade é a cidade-eu, é a cidade de todas as pessoas e tempos verbais: tu, ele, nós, vós, eles. Mas é também a cidade vista e invisível, que as pessoas veem mas passam adiante como se não vissem.
Minha cidade é cheia de ruas e opções teóricas, é cheia de gente, cheia de ruas repletas de solidão e caminhos que serpenteiam a rumo nenhum. Ela não dá dicas, só confunde, e não é jamais conduzida e nem aponta o bom caminho. Os maus caminhos se encontra até sem querer.
Minha cidade é um tumulto de trânsito e buzinas que enchem a cabeça de sons, gritos e lamentos. Há também beleza na minha cidade, mas me parece pontual. A geral visão e vivência da cidade enche os olhos de desigualdades e revoltas. Minha cidade é grito de alerta, mas também pedido de socorro, pedido em código Morse. Ouve-se, mas poucos entendem o SOS e seguem como se nada tivessem a ver com aquilo, como se nem fizessem parte daquilo, como se também não fossem uma célula da cidade, um neurônio. E são!
Minha cidade é repleta de zumbis que não morreram. Diferentemente dos filmes, tentam aparentar inteligência, caminham normalmente e se fazem de normais. Devoram-se por outros meios, morrem de outras formas, aterrorizam com ares de trivialidade. Tudo pulsa, até em milhares de pulsos que vão se apagando, parando de pulsar.
Minha cidade é um amontoado de energia, causando choques mortais e desperdiçando seu potencial. Energia derramada como raios de tempestades, que queimam, derrubam, às vezes matam ou dilaceram. Minha cidade é a cidade-eu, é a cidade de todas as pessoas e tempos verbais: tu, ele, nós, vós, eles. Mas é também a cidade vista e invisível, que as pessoas veem mas passam adiante como se não vissem.
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segunda-feira, 14 de janeiro de 2013
Boooo...
Entrou pela porta da frente, com tapete vermelho estendido e todas as honras de recepção, mas saiu sorrateiramente pelos fundos, pulando o muro, roubando um livro e sentimentos. Deixou cair do bolso sementes de decepção. Sumiu.
Con... clave
Arte: Tonho Oliveira - Porto Alegre/RS |
Som, tema, tom, nota
Se a pele está dormente
Se a alma está doente
Me move ainda o som
Nota-si
Me faz vibrar, me faz sentir
Como se não dormente
Como se nem doente
Sentindo movimento sem mover
Me move ainda o som
Nota-mi
Obs.:
Este poema também está publicado no blog Po-ética, de Tonho Oliveira. Confiram!
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domingo, 13 de janeiro de 2013
Puerilidade
Tenho medo de acreditar na paz e ser obrigado a viver em realidade de guerra e caos.
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sábado, 12 de janeiro de 2013
Conceito
Civilização é o processo de distanciamento entre o ser humano e a natureza, sendo esta destruída e aquele incapaz de se enxergar como parte dela.
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terça-feira, 8 de janeiro de 2013
terça-feira, 1 de janeiro de 2013
Escrita II
Arte: Tonho Oliveira - Porto Alegre/RS |
Percebi minha mão rodeada de noite, foi então que tomei uma caneta iluminada pra poder pintar estrelas.
(com a mão que tiver à mão)
Obs:
Este aforismo surgiu na sequência do anterior, assim "impensado", como uma consequência de antítese ou antídoto, também inspirado pela arte de Tonho Oliveira dos blogs 6vQcoisa, Po-ética e Arquitetonho.
Escrita
Arte: Tonho Oliveira - Porto Alegre/RS |
Quis escrever uma página iluminada por estrelas, mas percebi minha mão carregada de noite.
Obs:
Este aforismo é o resultado de mais uma parceria com o artista de Porto Alegre, Tonho Oliveira. A postagem também pode ser vista no blog Po-ética.
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