terça-feira, 18 de dezembro de 2012

A deus...

Têm certos apertos que nos vêm no peito, no coração da alma, que nos aflige e nos deixa imóveis e impotentes diante do que não podemos mudar. Nos últimos anos perdi uma tia querida, uma tia-avó querida, um primo-torto querido, dois primos jovens queridíssimos e tenho um outro primo sobrevivendo sem já não reagir a mais nada com esclerose múltipla. Na fila de partida há mais muitas tias e um tio e não posso, ninguém pode, fazer nada. Seja na morte natural ou nesses casos escabrosos que me levaram dois primos tão jovens: um a dois meses de completar 50 anos, o outro com 50 e poucos. Ficam lacunas, buracos que não se fecham, até mesmo na perda de tias que se foram pela idade. Mas a vida começou cedo a me mostrar que sua lógica não é tão confiável e, com 53 anos de idade, do meu lado, levou meu pai por parada cardíaca súbita decorrente de doença de chagas (que desconhecíamos). A vida é perdas. Poeticamente se fala muito em perdas e ganhos, mas a todo ganho sucede uma perda, portanto... Do nascimento em diante traçamos um caminho, seja ele qual for, rumo a um fim desconhecido. Feliz daquele que tem a morte tranquila, de preferência dormindo. Peço a deus que eu tenha uma morte assim e peço isto a deus por todos os meus. Todo mundo deveria merecer uma morte súbita, em sono, sem sofrimento e sem dor. Peço mesmo sendo um agnóstico, apenas peço como um desejo (e uma revolta) interno. E o peito apertado precisa seguir. Por que precisa seguir? Para onde precisa seguir? Pra que precisa seguir? Ninguém sabe. No fundo, tudo são conjecturas e teorias de vida eterna, propósito, convicções pessoais religiosas e/ou filosóficas... Tudo teorias, tudo incertezas, tudo medo, tudo – ao final – um aceno de adeus.

Um comentário:



  1. "Engenheiro Psiquiatra fazendo poesia,
    racio(a)naliza o VER...só!"
    Assusta, inquieta...

    Ince.TER.zas!

    :o)

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