quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

País das maravilhas

Imagem: Disney - Cheshire, Alice in Wonderland
A última me apareceu retornando de um passado recente de seis anos atrás, quando ela queria porque queria tomar outro rumo na vida e eu era a terceira prioridade, se não estivesse fora do pódio. Desta vez chegou e tocou no mesmo assunto, depois de ter saído do país, de ter ficado fora do estado e, só então no início deste ano, retornado à cidade. Me beirou pelas redes, e nem usou o nome verdadeiro, um apelido. Logo se sentiu em casa e se convidou pra trazer um bolo, tomar um café comigo. Rendeu o café, trouxe muito mais comida, dentre doces, salgados e metáforas. Planos de filhos e, no meio do caminho, uma suspeita de doença para a qual servi de apoio e ombro, seja fazendo rir, fazendo companhia ou simplesmente acolhendo o choro compreensível. Também no trabalho dela as coisas não andavam muito bem, e tudo ao mesmo tempo. Estávamos juntos, muito juntos. Passado um tempo, a suspeita da doença se foi, ela emagreceu, um novo emprego apareceu, e uma distância (uma estranha distância) apareceu junto. Ao mesmo tempo carecia de apoio a outra ponta, antes suporte. Nesta hora mostrou-se agressiva, arredia, foi se distanciando, mudando, e senti que, mais uma vez, estava deixando de ocupar posição de prioridade. Via-me escorregando do pódio de novo enquanto tentava pensar, como quem coloca uma relação em primeiro plano, com todas as variantes e problemas que circundam a vida de cada um. Cada um tinha seus sacos de areia a carregar, suas cruzes e responsabilidades. Mas isto não era impeditivo, era parte dos espinhos da roseira. Fiquei quieto como quem observa um evento que, esperava eu, passaria e a tempestade iria, os fantasmas internos de ambos se aquietariam nesse vai e vem que a vida nos trás, mas haveria seguimento. As ligações se tornaram mais escassas, o viver junto foi ficando distante, os planos não foram mais citados, ela continuava impaciente até com a própriaa respiração e só retornou mesmo uma mensagem em que eu disse sentir falta. Um telefonema frio e burocrático. Depois silêncio! Psiu... Nada perturbou o silêncio. Fui seguindo, até que a tecnologia da informação me surpreende. Ah, como é bela a tecnologia até pra mostrar quem se esconde! Numa manhã, aproximadamente três semanas depois de ouvir novas juras de amor eternas, um e-mail dela. Não tinha, dizia, como agradecer os bons momentos vividos, mas era hora de encarar os fatos e que sabíamos (sabíamos?) que não havia como continuar e que também não era hora (que hora?) de fazer tantos planos. Ela não aguentou me ver, mesmo, um eu que às vezes também precisa de apoio. Não conseguiu ver que o “país das maravilhas” tem espinhos e contratempos e personagens como o Chapeleiro Maluco, a Raínha Vermelha, e não só a Raínha Branca ou o Coelho Branco. É... não havia poções mágicas, era um “país das maravilhas” tão real quanto o da metáfora do livro Alice, de Lewis Carroll. Aliás, me tomou este livro emprestado, detestou e nem conseguiu chegar à metade, sumiu e não mais o devolveu. Incomodou-a bastante! Psiu... Silêncio. Tem gente que não consegue encarar o barulho natural do “país das maravilhas”. Nem cabem filosofias e pensamentos de um Cheshire aqui. O desaparecimento fala por si só. Sigo!

Um comentário:

  1. Tem que ter peito, mais do que isso, ESPINHA DORSAL meu amigo!E vc teve! E tem!...
    Puta advertência!.... no mais: "CORTEM AS CABEÇAS!!!!!!"

    ResponderExcluir