segunda-feira, 18 de março de 2013

Desaguamento

Na bela paisagem
Em meio ao grande canal
Sucumbem suas súplicas
Esvai-se sua fé
Desaguam suas lágrimas
Pingam nas águas
Fétidas, belas

Na bela paisagem
Num último desespero de clamor
Acendeu velas, orou
Clamou a deus e todos os santos
Ouviu silêncio
Pensou-se surda
Mas era o mutismo dos outros

Limite máximo
Choro em plenitude, se esvaiu
Ao cair das lágrimas
Ao passar das gentes
Indiferentes
Caiu ela também
Como quem queria ser pássaro

Boiou com suas lágrimas, aguada
Desmaiou com o choque
Não voou nem foi passarinho
Não obteve resposta
Desceu correnteza abaixo, só
Junto de coisa estranha ao fim

2 comentários:

  1. *
    Muito bem Ivan!

    Gostei!

    "Só resta o pulo,
    as velas revelam
    a falta de luz...
    Deus está surdo!"

    :o)

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  2. Ivan, li teu poema: nossa, imenso nos dois sentidos! Você deu um belo salto!!!
    Adorei.
    Bjus
    Tania Contreiras

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