Mantinha-se na superfície por medo do mergulho. O corpo grande e belamente torneado não seria empecilho para ir e voltar, conhecer o profundo e respirar na superfície. Mas resistia, apesar da patente capacidade do mergulho. Somos anfíbios, afinal, mas muitos não se dão conta disso. Mamíferos? É um mero detalhe de nascença. Poderia aprofundar-se, descobrir e deixar-se descobrir raridade preciosa. Na superfície, pequenas marolas, turbulências falsas, aparências fúteis. No fundo, a riqueza real, a vida mesmo, a maior quantidade de seres profundos. Corre-se o risco dos afogados, sem dúvida, mas estes acabam por boiar. Resistia, ela, ainda assim. Nem a capacidade de reter o ar, nem o escafandro disponível a demoviam da superfície com facilidade. Ultimamente, no entanto, arriscava-se a enfiar a cara n’água pra olhar lá dentro.
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