quinta-feira, 8 de abril de 2010

Indiferença

E da beira da piscina
Contemplou o casal a nadar
Em conjunto

Água espirrando
Pernas e braços (de)batendo
Tudo junto

Faltava compasso
O ritmo atravessado atravessava
Tudo afundava

Da beira da piscina
Observava que não era nadar
Mas ia fazer nada

E o nadar sem nado
Afundou até o fundo desoxigenado
E o silêncio pairou

Impávida levantou-se
Saiu da beira da piscina para fora
Apoderou-se do alheio

Voltou para casa
De mão cheia de coisa adquirida
Por mera indiferença

4 comentários:

  1. "de mão cheia de coisa adquirida/ por mera indiferença" hummm, isso é tão intrigante...adquirir sem se empenhar (pelo menos não, assim, explicitamente? conscientemente?).

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  2. Gê,
    É para ser intrigante, acontece no dia-a-dia com maior frequência do que deveria ou do que gostaríamos.
    É a indiferença que vai além da mera indiferença (ou não?), pois leva vantagem daquilo ao que dedica a indiferença.
    Tentos e tantos exemplos na vida e nos jornais todos os dias. Uma pena, mas é assim, e acho que é, sim, explicitamente e conscientemente, sim, muitas vezes.
    Beijo.

    Rê,
    Obrigado pela leitura e pelas palavras.

    Beijos pras duas.

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  3. Tudo ficou muito bom, mas a última estrofe me chamou muito a atenção
    ''Voltou para casa
    De mão cheia de coisa adquirida
    Por mera indiferença''

    Talvez seja pelo imenso teor reflexivo que ela me causou

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