Agora de manhã, enquanto meio dormia, meio acordava, escutava mestre Chico Buarque no fone de ouvido e meio que sonhava, meio que pensava, meio que não. O que não fazia ao meio, mas por inteiro, era chorar. Chorava de saudade, de nostalgia pelas letras, pelos cenários, pelas melodias e amores descritos. No fundo, chorava tudo por mim, que é sempre por isso que se chora. Chorava ao caminhar pelas praias e lugares belos por onde, em sonho, andava. Chorava pela emoção que via nas pessoas, chorava até mesmo sem saber por que, mas cheio de porquês internamente justificados. Traumas, agressões sofridas antes e agora, tapas da vida, tapas do caminho, coisa que todo mundo tem. Chorava as mazelas, as dores, os amores tidos e desejados, os não tidos, chorava também os amores vindouros e até os perdidos. Chorava a falta de amor! Chorava, enfim, por necessidade de chorar, por necessidade de extravasar, pôr pra fora o que transborda. E chorando acordei, me levantei e segui pelas paisagens reais, bem menos paradisíacas que no sonho meio acordado, cheias de praias, cavernas, capelas, gente bela, mas ainda cantarolando Chico e seus sambas melódicos, alegremente melancólicos. Chorava eu porque preciso chorar, transbordar pra não explodir de vez nesse cenário preto e branco, sombrio. A vida, ainda assim, é bela.
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