A gente não força um poema ou escrito para que saia cabeça afora em processo criativo a por as mãos a escrever ou a boca a recitar. É ilusão nossa pensar que criamos pensamentos. Eles vêm e vão quando bem querem, como toda manifestação artística. Somos nós os comandados na arte e criação. Somos presa fácil dos pensamentos. Um poema ou inspiração nos vem como o passarinho que pousa espontaneamente na varanda, porque quer. É um presente da vida, ainda que seja um passarinho feio.
Dá-se-lhe um beijinho, um trato e melhora-se a estética, que é o que nos compete. Nossa prepotência da criação é, talvez, herança religiosa da "imagem e semelhança do pai"; mas como ele, o pai, também escrevemos coisas ruins, escrevemos e não gostamos, pegamos o papel com nossa criação e embolamos, jogamos no lixo num acesso de ira, como numa destruição de Babel, como que se repleto de linguas e ditos ininteligíveis.
Fiat lux... Ah, que labor terá sido este que fez a luz e fez tudo mais, mas depois deixou tudo abandonado à mercê do livre arbítrio, também criado pelo mesmo fiat. Muito do que saiu desta criação original e, diz-se, única, saiu torto, irremediavelmente torto, ao que parece... ao que padece. Daí saímos nós, também com a mesma pretenção da potência do fiat criativo e criador.
Temos algum mérito, mas como já disse quando relatei sobre o elefantinho do circo, tomamos decisões conscientes obedecendo, sem saber, nosso inconsciente. Não são conscientes, portanto. É quase sempre assim... quase sempre. Fiat lux! E tudo sai do controle dos nossos próprios fiat.
Ah, e é natal... fiat natalis e finitus est in nomini dei.
Ah, e é natal... fiat natalis e finitus est in nomini dei.
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