"Você acredita em Deus?", perguntam-nos com frequência. "Você aceita Jesus Cristo como seu salvador?", perguntam-nos os mesmos ou até adeptos de outros messias. Pensemos...
Já repararam que há, implícita nestas perguntas, uma ameaça? Não, não se espantem. Há, sim, uma ameaça implícita neste tipo de pergunta ou até na "inocente" e corriqueira "Qual sua religião?". Qual a ameaça? A ameaça do abandono (por auto escolha do dito livre arbítrio) do reino de deus. E aqui, propositalmente, escrevo deus com inicial minúscula.
A religião, ao longo dos anos, e em especial após a Idade Média, tornou-se meio de intimidação, de ameaça, de advertência. É como se, para quem o diz em termos amigáveis, dissesse "Olha lá!". Não salvação, inferno, uma eternidade de sofrimento, é o que está embutido nestas "inocentes" e "bem intencionadas" perguntas.
Se você não acredita em deus (o Deus maiúsculo ou o deus mais amplo de budistas, esotéricos e outros mais), se você não aceita Jesus como seu Senhor e salvador, se você não tem religião, bom sujeito não é. Se não gosta de samba, então, inferno imediato.
De samba eu gosto, mas não tenho religião e muitas vezes duvido fortemente da existência de deus, de Jesus, de alguma entidade "suprema". Sim, duvido, e duvido sem medo. Tanto medo já me foi imputado "em nome de deus" que minha paciência se esgotou e, com ela, com o tempo, também minha capacidade de pensar e analisar deus se ampliou.
Há, sim, muitas coisas que não compreendemos. Há, sim, muito mais coisas entre o céu e a terra do que pode supor nossa vã filosofia, como já nos advertiu William.
E se há um deus onipotente, onipresente e onisciente, ele será tão vingativo quanto pregam os livros sagrados, sejam quais forem? "Ou crê em mim e a mim se rende, ou não lhe será dado o reino dos céus". A ameaça persegue cristãos e até não cristãos, pois ainda que não sejamos cristãos por opção, o somos por cultura.
Deus me livre de deus, que é tão vingativo, birrento, melindroso e infantil. Deus que me livre de deus que cria e destrói, que diz que ama mas odeia, que joga tantas pragas. Deus me livre, Jesus me perdoe. Se não for pro céu, mandem-me para algum lugar onde encontre pessoas com maior bom senso ou simplesmente façam-me deixar de existir, com sua bondade "divina".
Deixar de existir seria o ato de maior misericórdia de deus, de qualquer um deles. A não existência é a felicidade máxima, e não a vida eterna num meio tão policiado.
O céu descrito pelos crentes, sejam quais forem, me parece mais com um campo de concentração nazista e deus com Hitler. Deus me livre!
Fiquem na paz, maus irmãos de pouca fé. Não estão sós, embora tenham pouca companhia.
Querido Ivan, que alívio!!! Tirando por você, por mim e mais alguns gatos pingados acho que faremos uma festa bem seleta e divertida. Deus nos livre da solidão eterna, amém!
ResponderExcluirJá disse Voltaire, não sei se nestas exatas palavras:
ResponderExcluir"Prefiro o céu, pelo clima, e o inferno, pelas companhias."