quarta-feira, 16 de junho de 2010

Fim da linha

E as linhas que eu escrevia
iam sumindo
antes de chegar ao fim da linha,
como se a tinta da caneta
estivesse se acabando,
mas não,
a caneta estava cheia.

Na próxima linha,
cor forte, traço firme,
a idéia seguinte, mas novamente
as linhas iam sumindo ao final.

Parecia que, por vontade própria,
não queriam mostrar por completo
seus segredos.
E da mesma forma
que ocorria com cada linha,
foi ocorrendo a cada nova linha,
a cada nova estrofe,
ia sumindo e sumindo e sumindo.

Ao final do poema
a caneta parecia seca,
mas não estava. Aceitava rabiscos,
desenhos à toa, qualquer coisa,
menos a escrita daquelas idéias,
a exposição daquela vida,
daquela intriga, daquela intimidade.

Ao ponto final, nem sinal
em baixo relevo ficou no papel.
Sumiu tudo.
Era seca de poesia,
era o fim da linha...

11 comentários:

  1. Gostei muito dos três poemas.

    Este me fez ver a poesia como nessa imagem que vc escolheu: uma névoa, que depois que a atravessa, ela parece se dissipar, ou deixa as coisas mais distantes, longe do nosso alcance visual.

    Beijos.

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  2. No fim da linha tem um ponto.
    ...

    Na vida real,
    da imagem,
    caminhar nesta linha,
    quem apaga-se é o nevoeiro!

    Gostei!

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  3. Querido! Ivan

    Agradeço o carinho do seu comentário no pequeno espaço, e fico feliz que tenha gostado.
    A net tem essa magia de encontra pessoas tem poesia na alma, voce é uma delas. Desculpe simplicidade do meu comentário, pois nao tenho o dom das letrinhas. Mas com certeza sempre vou está por aqui...a poesia alimenta minha essencia.

    beijos,

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  4. Não encontro nesse momento meu, um final, uma chegada... Mas sei que ele deve estar lá.
    :(

    Lindo poema, gosto tanto de vir aqui.

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  5. Ivan!

    Em tudo há sinais. Nas aves, nas canetas. São teimosas, quando não querem o conteúdo, e olha que elas sequer aparecem.

    Ainda bem que você resistiu e deu o ponto final.

    Beijos

    Mirze

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  6. A linha da vida, do trem e da página...
    Gosto da idéia e do jogo que faz com a imagem!
    100 seguidores???
    Esse blog não é mais o meu achado é o de tantos!
    Parabéns!
    Beeeeeeijo!

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  7. Ivan, teu poema me faz lembrar de que a caneta e a página em branca do poeta são cheia de hieroglifos, marcas, rasuras, impressões, manchas e para limparmos tudo isso é que escrevemos!!!

    Parabéns, o poema inquieta e repõe as cargas de emoções que precisamos para seguir escrevendo.

    Um beijo, Vidráguas!!!

    Carmen Silvia Presotto

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  8. Interessante a sensação de transitoriedade que poema transmte. Me lembrou outro (de Jorge Luís Borges):

    "Não há uma só coisa que não seja
    nuvem. Assim são essas catedrais
    de vasta pedra e bíblicos cristais
    que o tempo alisa. A Odisséia, veja,
    muda como o mar; há algo distinto
    a cada vez que a abrimos. Seu velho
    rosto já é outro, visto no espelho,
    e o dia é um duvidoso labirinto.
    Somos os que se vão. A volumosa
    nuvem que se desmancha no poente
    é a nossa imagem. Incessantemente
    a rosa se converte em outra rosa.
    Você é nuvem, mar, esquecimento.
    E é o que perdeu a cada momento."

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  9. No ínicio algo turvo que até alinhar-se nos faz todo aprendizado. Os segredos são engimas de entrelinhas, a gente não vê, mas sente mesmo que não entenda. Essa é a mágica.

    Fiquei muito feliz com sua visita, querido. Gostei muito do seu espaço e voltarei aqui mais vezes.

    Bom dia! Beijos.

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  10. É belo o seu poema!
    Parece que vamos a seguir a viagem juntamente com as palavras. Muito sensitivo, fantástico.
    Parabéns.
    Obrigada pela visita. E espero que haja mais linhas. :)
    Ana

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  11. Talvez a caneta, egoísta, quisesse a beleza toda pra si. Tem dessas...

    Beijo, querido!

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