terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Neste jeneiro, não Rio

Neste janeiro, não Rio, não dá.

A margem que margeia o rio não me dá margens ao erro e nem à vida. A margem, que antes se estreitara, agora se alarga e nos engole, desce morro abaixo, morro, morrem tantos.

Não há graça, foi tudo coberto por lama.

A vida, em grande parte, se exauriu. O que há a se exaltar agora é a solidariedade, já que os céus foram cruéis. Espíritos subiram ao alto e abaixo desceram alguns.

Cachorros e crianças vagam sem donos, sem pais... e sem paz.

A chuva não lavou alma alguma, ceifou vidas e lugares belos. Não há muito espaço para o sorriso.

Neste janeiro, não Rio, não dá.

A cicatriz na terra encantada foi feita e o desencanto foi posto à mostra.

Não Rio, só lamento. E o Cristo Redentor lá na capital, impassível, sem conceder redenção àquele povo que buscou um canto belo, um encanto belo.

O sorriso se foi. Voltará, mas não será jamais o mesmo.
Amarelou-se, enlameou-se, sacrificou-se, crucificou-se.


          Foto 01: Fábio Motta, AE - Teresópolis, RJ
          Foto 02: Wilton Júnior, AE - Teresópolis, RJ

5 comentários:

  1. Ivan compartilho cada linha de tua crônica poética, difícil sorrir sim, mas o Sol há de voltar e que tenhamos versos para iluminar a lama deste tempo.

    Um beijo carinhoso e obrigada por este escrito.

    Carmen.

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  2. Qta tristeza né Ivan!...
    Que bom que vc falou por mim!Não dá pra desengasgar ou desentalar esse assunto da garganta, ou do peito, não enquanto muitos ainda sentem só o gosto da lama!
    Angustia, revolta, compaixão.. suas linhas e as imagens escolhidas berram tudo pra fora!
    Muitos beijos!

    Aline Morais Farias.
    Periódico Subversivo
    http://alinemoraisfarias.blogspot.com/

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  3. Foram RIOs que (se) passaram em "nossas VIdas"...

    e agora? Com que "roupa suja" vamos ao CARNA...

    :(?

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  4. Lindo texto, Ivan. E triste. Neste janeiro, não rio. Só chora o céu.

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