domingo, 14 de fevereiro de 2010

João e o pé de feijão...

João fez um ano... João e seu pé de feijão. Como é estranho pensar nisso: primeiro ano de vida! Parece, em relação à vida nossa, minha, sua, de todos “adultos”, algo tão distante e tão próximo. Mas, se próximo, tão inalcançável. Que coisa mais iniciante e o quão iniciantes nos mantemos todos nós sempre! Todos os anos são primeiros, até os últimos são. A vida passa como um relâmpago, com luz e barulho, com encantamento e susto, com graça e tristeza. Das primeiras caretas às últimas rugas somos a mesma pessoa e nunca a mesma pessoa. João hoje será João amanhã, mas também não será mais o mesmo João de hoje, mas outro João. Terá aprendido algo mais, crescido algo mais, esquecido algo mais a relembrar, ou não. Daí vamos, e vai João, pela vida afora ou adentro, nem sei bem qual a melhor definição, crescendo, subindo no pé de feijão, tentando alcançar o que pensamos ser o gigante, lá acima da núvem, acreditando na mágica da vida, e de alguma forma (ou diversas?) ela é mesmo mágica. Algum dia deixamos, de fato, isto de lado? Tenho sérias dúvidas.
O olhar de uma criança é algo tão bonito, acolhedor, acalentador, cheio de interrogações, surpresas, esperanças e alegrias simples. Normalmente não há uma ruptura abrupta entre o olhar da criança para o olhar do adulto. A gradatividade das coisas é tão serena na maioria dos casos que nem percebemos que crescemos. Nos damos conta disso aos poucos. São coisas do tempo. E o que o tempo é? João vai fazendo bichinhos e biquinhos e subindo em seu pé de feijão. Olha pros outros como se fossem gigantes. Logo logo ele será o gigante e o pé de feijão, já não mágico, será pequenininho como são os pés de feijão, mesmo. E os gigantes ficarãõ na lembrança e no desejo de ser grande, maior, sempre maior. Às vezes nossa vontade de nos suplantar nos traz esse desejo de ser mais, de ser maior, de ser melhor. Tudo válido, se com a pureza de João.
João agora engatinha, eu também já fui João, embora disso me lembre pouco, mas com frequência. Todos já fomos ou João ou Joana. Lembro de mim pequeno e lembro de quando houve em mim a ruptura do olhar de criança que vê a mágica para a criança que vê a vida. Essa mudança ocorre invariavelmente, as rupturas são normalmente suaves, gradativas. Papai deixa de ser herói, mamãe deixa de ser proteção máxima e os "joões" deixam os braços paternos e maternos e saem cambaleando pela vida, começa em passos trôpegos. Aos poucos os passos ficam mais firmes, mas o cambalear é humano, o tropeçar é humano, assim como o engatinhar, o gungunar, o babar. Nos já nascemos humanos, João!
João fez um ano, vamos fazendo os nossos anos que são sempre os primeiros, pois todos os anos são primeiros, e até os últimos são.

OBS:
Parabéns ao João por seu primeiro primeiro ano de tantos primeiros anos que virão. Felicidades.
Obrigado a Gê pela idéia que eu roubei da lembrança dela do pé de feijão.
Obrigado a Fernanda pela foto que roubei do blog dela e que eu espero que ela não queira que eu tire, porque ele está muito fofo fazendo bichinho.
Fê, deixa a foto do João aí, deixa?

6 comentários:

  1. ivan, seu... seu... enfim, eu já ando uma manteiga derretida, e vc me vem com esse texto?! fiquei aqui no maior rebolado pra não borrar o rímel! que texto mais lindo, poxa! a gente acompanha o casamento, a barriga, o nascimento e o porqueirinha já tem 1 ano! só faltou vc lá, viu? amo vc!

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  2. só uma coisinha. não acho que a gente nasça humano, não. acho que a gente se torna. e não é fácil essa transformação, não é pra qualquer um. humanidade é condição. beijo.

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  3. Poi é, Gê, não deu pra eu ir, daí vi suas fotos e mandei um e-mail pra Fernanda dando os parabéns.
    Fuçando no seu blog e vendo o convite, na hora do e-mail que mandei pra ela veio a inspiração por uma frase e juntando você ter falado do pé de feijão.
    Não acompanhei o casamento, mas a barriga sim. Agora já está com 1 ano, como nós, com vários 1 ano seguidos pra comemorar.
    Tá de rímel? Vai pra onde? Eu to trabalhando em pleno carnaval, acredita? Ontem, hoje, amanhã, depois e depois. Ufa!
    Agora retoca esse rímel aí que contorna esses "zóio" verdes e conta pra onde vai.
    Beeeeeeeeijo.

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  4. Ah, Gê.
    Acho que a gente nasce humano, sim. É diferente de dizer que a gente nasça formado. Aliás, acho que a gente nunca está plenamente formado, uma vez que quem pensa evolui (deveria ser assim com todo mundo, mas não é!).
    Mas até mesmo aquele toquinho de gente (seja hominho ou menininha) é gente, humano, sim.
    Eu entendi o contexto do seu comentário, mas esses "bichinhos humanos" já tem uma característica própria, uma condição humana própria. Outros atributos do ser humano (do ser ser humano), sim, vão se formando, se tornando e realmente não é fácil.
    Outro beijo.

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  5. Ivan, porqueira em dobro, primeiro você não aparece pro cachorro-quente, depois vem com esse texto de fazer a gente chorar... fiquei pensando no João adolescente lendo isso, vai ser bacana, né? "Filho vem ler o texto que o amigo da mamãe escreveu quando você fez um aninho, ele deixou de ir à festa para caprichar no texto!" Que será que ele vai dizer, será que vai ser do tipo espirituoso, sentimental, nem-te-ligo?
    Concordo com você que todos os anos são primeiros, fechamos ciclos e recomeçamos, vamos nos reinventando até o fim. Acredito que minhas reinvenções têm sido pra melhor sou muuuuito mais eu hoje que em qualquer outro ano passado e espero que para meu pequeno também seja assim, sempre para o alto e avante rumo ao cume de seu pé de feijão!
    Beijo enormepra você!
    Ah, e por favor, mantenha a foto que é linda e é mais um cantinho pra eu corujar meu bichinho!

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  6. Agora sou porqueira em dobro, é? (rs...)
    Não deu pra aparecer pro cachorro-quente, agora nem pro cachorro-frio não dá mais, né?
    Mas eu sei que foi legal, sei da ilustre presença de Johnny Depp (representado pelo Luca) que foi prestigiar João e seu pé de feijão. Queria ter ido!
    Mas todos os anos são primeiros, até os últimos são, então ainda teremos muitos cachorros-quentes e afins por aí.
    Obrigado pela foro, Fernanda. Eu já gostava dela, gostei mais ainda fazendo este close do "bichinho". (rs...)
    Beijo grande.

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