sábado, 31 de julho de 2010

Bolha

Eu falo do que falo
porque senão me entalo
com o talo mal dosado
dos acontecimentos,
que dificilmente descem goela abaixo.

Falo por pensar, ter boca,
necessitar.
Falo pela boca,
falo pelos dedos,
pela voz e na escrita.

Dizem que peco pela transparência,
mas não quero o vidro fosco.
Posso me quebrar com facilidade,
mas tenho aprendido:
envolvo-me em papel bolha
para sair da bolha que me impede de viver
plenamente.

16 comentários:

  1. Siga falando pelos poros, Ivan! Teus desabafos ajudam outros poros a seguir conVersando... No mais, sabemos que, envoltos em papel bolha, a Escrita sempre ganha qualquer parada.

    Um beijo amigo e carinhoso.

    Carmen Silvia Presotto
    www.vidraguas.com.br

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  2. Consegui me enxergar, Ivan, eu seus versos. Também falo por necessidade, por incômodo, ou simplesmente por pensar... Mas nem sempre os ouvidos a quem dirigimos nossa fala estão preparados para ouvir. O olhar do ser ouvinte, neste caso, se desvia do ser falante, tornando as palavras incompreendidas, às vezes, perdidas ao vento. Felizmente, vez ou outra em uma dessas viagens, o vento leva tais palavras a outros ouvidos capazes de codificá-las, agregando novos sentidos e gerando outras palavras...

    Parabéns pela poesia! Continue falando sempre!

    Beijos.

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  3. Olá Ivan, atire a primeira pedra quem nunca teve vontade de vomitar aquilo entalado na garganta. Diversas vezes me vejo o fazendo, porém, graças a Deus estou me pegando a vomitar mais sentimentos de amor que outrora. Agora sinceramente espero um dia não sentir mais a ânsia, espero que minha sabedoria me dê a paciência e compreensão divinas! Mas por quanto salvem as latrinas! Quanto ao teu post anterior, fato é fato, ressaltar aquilo que não gostamos é deveras incômodo aos outros e para nossa alma, agora ressaltar o desgosto com animais, criaças, é passível de no mínimo análise. Beijo

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  4. Muito BOM!!!

    Realmente o vidro fosco embaça a vida. Sou à favor dessa transparência, mesmo que embrulhado em papel bolha!

    Um abraço, Ivan!

    Mirze

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  5. Ivan, que lindo e transparente este poema. Tocou-me profundamente, pude te ver em cada palavra. Ninguém peca pela transparência, meu querido. Só pensa isso quem tem o olhar embotado.
    Ainda bem que a tua natureza é de entrega.

    Um beijo

    (agora que parei de correr um pouquinho, vou lá te responder e agradecer a foto "presente"..rs)

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  6. Quando minhas palavras não encontram compreensão comum, e se escondem nas entrelinhas, corro para o meu mundo de bolha transparente, onde me encontro no meu perfeito estado, e assisto o meu silêncio interno gladiando com uma avalanche de palavras... sentimentos.

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  7. FAL(h)O e não CALO!

    :)

    P.S: Voltando ao sorriso amarelo,
    lá po--ética tem o poema 'amaryellow', veja lá!

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  8. Ivan... Eu não diria que é um belo poema ( na verdade é sim um belo poema ). Mas acho que seria mais verdadeiro, no meu caso, seria exclamar: - "Que sentido poema, cara!" Realmente diz muito de suas reações e a rspeito de seu momento.
    Bom final de semana.

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  9. No que tange à adoção do papel bolha como isolante, carapaça, exoesqueleto, enfim, como a proteção confiável para a alforria do dizer, penso que, tal qual a franqueza, o papel bolha atrai sádicos e fanfarrões afeitos a estourar entre as unhas seu quinhão de proteção - o prazer do estouro, a satisfação em dar a partida-combustão a causar a agonia alheia. Então diga - se o puder, se for bastante a coragem ou a necessidade de o fazer. Protegido, de fato, ninguém está. Sempre haverá quem não quererá entender, porque lhe será cômodo assim ignorar, como aqueles que se metem a criticar aquilo para o quê não têm alcance, ou, ainda, pelo deleite de assistir a agonia da minhoca santitante, partida ao meio.
    Existir dói. Talvez algum dia me disfarce de papel bolha - para tal, ainda me percebo muito covarde. Você que já ousa, descasque-se.

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  10. Alguém há de ouvir, alguém quer escutar, e muitos, muitos precisam falar.

    Extravaso-me aqui contigo.

    Beijo.

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  11. Excelente poema, Ivan!

    Também me
    "dizem que peco pela transparência,
    mas não quero o vidro fosco."

    Jamais me contentaria com tão pouco.
    O risco?
    Quebrar-me sucessivas vezes.
    E me recompor o quanto antes.

    E por que não,
    da próxima,
    com papel bolha? : )

    Um abraço,
    Doce de Lira

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  12. Quem prefere a visão obnubilada, certamente ficará no meio da estrada e nem poderá ver o entardecer.
    Um abraço!

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  13. Ué cadê o meu comentario que estava aqui???
    O Blogger sulgouuuuuuuuu...rsrsrsrs
    Um belo tema.. que além de advertencia e poesia nos serve como desabafo...
    Gostei do ritmo e repeti o poema em voz alta duas vezes e quase saio dançando...
    Parabéns!
    Aline Moraias Farias
    Blog: Periódico Subversivo
    http://alinemoraisfarias.blogspot.com/

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  14. Eu adoro vir aki...
    Me identifico com mta coisa q vc escreve...
    É sempre mto bom deparar cmgo msm...
    Vc me possibilita isso através de seus textos...
    Origada por isso Ivan.
    Bjo enorme
    =)

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  15. Que lindo! Se Freud se contorce...creio que aqui é de pura satisfação, posto que ele mesmo já dizia que quando a boca cala falam as pontas dos dedos, não é mesmo? Bonita essa transparência...bjos, sigo-te por aqui!

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  16. This is really amazing. thank you for sharing!

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