segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Ditados Malditados

Ás vezes me sinto tão cru! Não sei o que é melhor, se isto ou estar com a batata assando. Os dizeres populares traduzem tão mal a intenção na literalidade das palavras. Afinal, batata assada é algo gostoso. Sentir-se cru, é ótimo. Quem quer ser cozido, assado ou frito? Já estar frito é uma boa expressão e uma péssima realidade. Entrar pelo cano, também não deve ser bom, nem literal nem metaforicamente. Tirar o cavalinho da chuva, também é bom, pois evita que ele pegue um resfriado e não nos sirva depois, além do gesto altruísta com o eqüino. Colocar as barbas de molho... não sei, pois nunca usei barba. Talvez seja bom no calor, mas, ah, no calor é bom se colocar todo de molho numa água fresca, não só uma parte do corpo. Estar com uma pulga atrás da orelha, deve ser ruim, mas deve atrapalhar a pensar e refletir, e é tudo que quem está se sentindo assim faz: refletir, pensar, fazer conjecturas. Colocar o carro na frente dos bois, realmente não é bom, a não ser que se queira descansar, pois os bois param e o carro de boi para com aquele barulho irritante das rodas. Bater as botas, ninguém quer, a não ser que seja pra tirar lama que esteja grudada. E o que isto de bater as botas tem a ver com morrer? Nada. Quem bate as botas está é bem vivo e limpando as já referidas. Cair o queixo, expressão perfeita. Uma mulher bonita passa e a boca se abre pelo relaxamento instantâneo do maxilar inferior. O queixo não cai, mas tem lógica. Correr atrás do prejuízo, é péssimo. A gente tem que correr é atrás do lucro e fugir do prejuízo. Tirar as minhocas da cabeça. Tai, foram elas que me levaram a produzir este texto tão enriquecedor. Se for tirá-las, tiro logo também os grilos, que de nada me servem, e deixo a cachola livre pra desenvolver boas idéias. Depois uso as minhocas pra uma pescaria, mando os grilos pra algum chinês, que os comerá em espetinhos, e escrevo mais.

domingo, 30 de agosto de 2009

Lata de Tinta

Peso... o peso da sombra, o peso de uma presença no inconsciente, o peso de uma morte, a sombra de um fantasma. A paralisia, a anacronia, a ironia, o medo, o terror, a irritação.
O azul do céu, o verde predominante da vegetação mais as múltiplas cores da natureza, o canto colorido dos animais, a beleza do canto dos pássaros, a delícia de um vento fresco, o brilho de um raio de sol, a delícia de uma sinfonia de Mozart, Beethoven ou outros gênios, o encanto de um diálogo que flui, tudo transmutado em cor.
De repente, uma lata de tinta cinza verte sobre tudo isto e cobre tudo, seca e prolonga seu efeito por anos a fio. Tentativas de remoção são feitas com resultados, mas parciais. Ainda há a predominância do cinza a cobrir as cores, ocultas ou semi-ocultas. Vai-se removendo a tinta, vai-se cansando da espera, vai-se cansando da monocromia.
Dos céus, nuvens cinzas encobrem o olhar magnânimo, real ou imaginário, e encobrem, também, o azul do céu, os raios suaves do sol.
Cinza que predomina, dores que adormecem, sons que se calam... Vida, lata de tinta vertida pela vida. De quem é a lata? Quem tem um melhor solvente?

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A Galinha e a Análise

Ah, que idéia horripilante me parece hoje ter que ir à análise, me deitar no divã e, mais uma vez dentre incontáveis outras, abrir o mesmo baú, revirar as mesmas bujigangas, cutucar os mesmos fantasmas, espalhar novamente a poeira.
Hoje a idéia me parece péssima! Esta resistência deve ter seu porquê, e não é nenhum dos motivos citados acima. Resistimos muito àquilo que esbarra em nossas feridas mais profundas. Arranca cascas de machucados, toca a carne viva.
Vou à análise, lá me deitarei novamente e de lá voltarei novamente com alguma coisa tão insignificante que às vezes é impossível de ver. Sempre nos é dado um grão minúsculo, translúcido, difícil de carregar e guardar, mas são esses grãos minúsculos que nos enchem o papo, assim como o da galinha.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Tarde

Tarde, sono teimoso que não se deixa instalar. Pensamentos inquietos e improdutivos. Fantasmas latentes, vivos, a atormentar a alma.