quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

De frente!

Se foi você mesma quem pintou este quadro, pincelada a pincelada, na escolha dos traços, das cores, da figura monstruosa, por que então agora se faz de surpresa? A obra é tua. Encara!

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Natai$

Arte: Tonho Oliveira - Porto Alegre, RS
Iscas de cruz, credo 
A atrair a hipocrisia natalina 

Gente travestida de bem 
Em pele de consumismo 

Demonstração de “podere$” 
Incontido$ querere$ 

São as iscas de cruzes 
E deus me livre 

Que a hipocrisia é divina 
Ao menos aos que vendem 

Quiçá aos que compram 
Hipócritas sois vós

Egocentrismo

Seu mundo não é heliocêntrico
Seu ego transborda
Não é tampouco geocêntrico
Pois é você o centro
Um universo egocêntrico, egoísta

Seus olhos miram seu umbigo
Murcho, malfeito, deteriorado
Miram suas necessidades
Vis, más, só suas, suas, suas
E sem um pingo de suor

Seu mundo egoísta explode
Como todo ego inflado, egocêntrico
E o Sol te torra aos poucos
A Terra tenta te ensinar os passos
Mas a Lua te contempla com tristeza

sábado, 14 de dezembro de 2013

N'ela

Arte: Tonho Oliveira - Porto Alegre, RS








Então nela
O dia
Virou noite
E foice

Ali mente

Não tente abrir os olhos de um fanático e ensiná-lo a pensar e questionar, pois é a ignorância e a cegueira que o alimentam.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Migo

Tenho lido pouco, falado pouco... e tenho mania de escrever e conversar!

Oscilação








Sem equilíbrio, de nada serve a beleza da equilibrista. A queda do belo ou do feio é uma só! O equilíbrio é o que é mesmo o belo. Se oscilar demais, a queda é inevitável, como são o dia e a noite, só que nem sempre com volta.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Não coma!

Meus olhos brilham, sim
É que em meio opaco é difícil distinguir
É como que o brilho de uma estrela distante
É preciso identificar, localizar
Saber reconhecer, concentrar, ver
Senão parece apatia, um ponto qualquer
Perdido, meio alheio, linear

Minha alma pulsa, sim
Mas pulsa fraco diante do que se passa
Não é falta de intensidade da alma, é instante
De coisa que vai e vem e faz oscilar
É coisa de humano que se faz humano
Sem medo de ter medo e dizer que tem
Isso exige uma dose extra de coragem

Não sou teatro, nem sou pouco
Se tudo o que ofereço é pouco, não sou eu
Busque outra fonte de alimentação
Talvez eu seja dietético, saudável
Talvez nem isso nem aquilo, apenas eu
Se é pouco, não sou eu seu banquete,
Não coma, não estou em coma, sou carne viva

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Onívoro

Na vida sou um onívoro incorrigível, exceto no sexo. Daí não sou onívoro!

domingo, 1 de dezembro de 2013

Lá vai

E lá vai ela se tornando dura, inflexível, julgadora feroz, selecionadora cheia de preconceitos travestidos de mente aberta, revolucionária. Lá vai ela com seu discurso contrário a ela mesma. Lá vai ela, toda toda, a contragosto se tornando uma cópia da própria mãe que tanto odeia. Lá vai, vai faceira, até encanta o povo, porque o engana, mas não a todos. Lá vai, até sorri, como também a mãe sorria. Lá vai, e uma hora despenca do precipício da solidão, quando a aldeia criada se desfizer. Lá vai, já começa a cair. Grita e pede socorro, mas nem sabe. Lá foi...

Chorando Chico...

Agora de manhã, enquanto meio dormia, meio acordava, escutava mestre Chico Buarque no fone de ouvido e meio que sonhava, meio que pensava, meio que não. O que não fazia ao meio, mas por inteiro, era chorar. Chorava de saudade, de nostalgia pelas letras, pelos cenários, pelas melodias e amores descritos. No fundo, chorava tudo por mim, que é sempre por isso que se chora. Chorava ao caminhar pelas praias e lugares belos por onde, em sonho, andava. Chorava pela emoção que via nas pessoas, chorava até mesmo sem saber por que, mas cheio de porquês internamente justificados. Traumas, agressões sofridas antes e agora, tapas da vida, tapas do caminho, coisa que todo mundo tem. Chorava as mazelas, as dores, os amores tidos e desejados, os não tidos, chorava também os amores vindouros e até os perdidos. Chorava a falta de amor! Chorava, enfim, por necessidade de chorar, por necessidade de extravasar, pôr pra fora o que transborda. E chorando acordei, me levantei e segui pelas paisagens reais, bem menos paradisíacas que no sonho meio acordado, cheias de praias, cavernas, capelas, gente bela, mas ainda cantarolando Chico e seus sambas melódicos, alegremente melancólicos. Chorava eu porque preciso chorar, transbordar pra não explodir de vez nesse cenário preto e branco, sombrio. A vida, ainda assim, é bela.

Se não...

Se for para chegar, que chegue de leve, que seja leve, que traga leveza e alegria. Não vale a pena entrar na vida de ninguém se for para trazer peso, cobranças de gente cheia de vontades infantilizadas, melindres, agressões, adjetivações negativas. Uma presença só é válida se nos faz sentir mais leves. Se não... ande sua trilha e vá no seu caminho de chumbo, que cada um tem o seu peso. Aquela que sempre tem muitos adjetivos ruins para quem passou por sua vida deveria observar que tem, ela mesma, todos adjetivos em si. Quanto aos adjetivados, pairam dúvidas... Foram, talvez, meramente rotulados por uma adjetivadora compulsiva.

Laranja fugídia

Tinha o cabelo meio pintado de laranja, laranja fugídia, seja lá que cor for essa, e se aproximou determinada a manter contato, mal sabendo que se aproximava de destroços de uma longa guerra de mais de quarenta anos e ainda não terminada. Disse olá e recebeu um olá temeroso e desajeitado de volta. Ele na verdade não sabia o que dizer. Sentiu-se encantado e atraído por ela e, como era seu usual, temeroso e amedrontado, quase fugindo dela. Tinha medo de quê? Ele sabia em parte que medos tinha, mas os principais medos por detrás dos medos que conhecia, ele desconhecia. E ela continuou puxando conversa. Ele respondia meio desajeitado, meio com jeito de que, em parte, já aprendeu a disfarçar o quão desmoronado está. “Sei de onde te conheço”, disse ela e mencionou um lugar. Não, não era de lá. Ele tinha ido lá pouquíssimas vezes e se lembraria dela, com certeza. Ele também sabia que estivera a seguindo com os olhos no café e que aquela era uma aproximação não casual, embora ela tenha puxado conversa no vagão do metrô, embora ela tenha se aproximado e ele, como usual, não sabido o que fazer ou dizer. Das poltronas da fileira da frente dele, onde ficara conversando com ele por uns dez minutos apoiada nos joelhos, pulou para a cadeira do lado dele. O vagão estava vazio e isto fazia da conversa algo bastante privativo, o que era bom, mas o assustava bastante. “Quer ir comigo à minha casa para ver o quadro de que te falei? Na verdade é uma gravura do quadro...”, e ele respondeu, sem pensar nas consequências, “Quero, claro”. E foram, mas aí ele já estava extremamente preocupado. E se ela quisesse transar e ele se demonstrasse, como sempre, inseguro e às vezes até impotente, por questões psicológicas do mesmo nível que derrubam uma pessoa que tenta se equilibrar em um muro de três metros de altura, mas que consegue andar por um muro idêntico se estiver a dez centímetros de altura. Era assim, estava sempre no muro a três metros de altura ou mais... Talvez pior, estava a dez metros de altura, cem, duzentos, mil, sei lá. O medo o dominava. Entrou na casa dela já tentando encontrar uma desculpa para ter que ir embora. “Não posso me demorar, tenho um trabalho a terminar hoje”, “Ok”, respondeu ela sem hesitar e foi fazer um chá aromático para eles, se justificando que não costumava ter café em casa e perguntando se ele queria com ou sem açúcar. “Sem açúcar”, respondeu ele e assim ela o acompanhou. Mostrou o quadro do pintor a quem havia se referido no trem, que era um pintor de rua que havia conseguido se projetar sem o menor esforço. Ele, a bem da verdade, não havia gostado muito do quadro, mas gostou um pouco. Era até interessante... ou o interessante era a parte que vinha pelo fato de o quadro ser dela? Bem poderia ser. “Interessante”, disse e pensou. Ela disse que aprendeu a fazer aquele chá no café em que trabalhara. “Ah...”, respondeu ele sem saber o que dizer. Sentia-se atraído por ela e, ao mesmo tempo, sem o menor tesão. Não por ela, sem o menor tesão por nada, sem libido, sem energia nenhuma. Já vinha vivendo assim desde... Quando? Mais fortemente havia quatro anos, sobrecarregado, esmagado, destruído. De forma gera, desde sempre. Nunca teve libido e energia, não de forma positiva. Sua energia vital era gasta com estresse, depressão, medos, medos, medos, ódio, rancores, angústias, pavores inomináveis. Como fazer alguém saber disso? Como fazer alguém gostar disso? E quando alguém gostava dele, era alguém com problemas sérios de autoestima, coisa especular, mas não espetacular. Mulheres que viam nele algo interessante, mas carentes demais, sugadoras demais da pouca energia que lhe sobrava. Ali era uma que ele ainda não sabia. Ela se interessara por ele, é certo, mas nem sonhava que tinha diante de si um amontoado de cacos que até podia se assemelhar a um harmonioso mosaico... ou um quebra-cabeças relativamente bem montado. Mas faltavam peças importantes que normalmente as pessoas nem notavam ou não sabiam da importância que tinham. Era como se fosse um quebra-cabeças panorâmico de Nova Yorque mostrando as torres gêmeas, tirada no exato instante dos ataques de 11 de setembro de 2001 e a peça faltante era a que continha o primeiro dos aviões que fizera desabar a torre norte. Pareceria uma simples foto de uma panorâmica de Nova Yorque tirada antes do ataque. Não era. Havia um desabamento ali na peça faltante. E ela continuava a falar com ele e para ele. Algumas coisas interessantes e de um jeito interessante, mas na maior parte do momento ele voava e flutuava seus pensamentos como se fosse um pássaro bêbado prestes a se esborrachar na primeira janela de vidro com a qual se deparasse sem saber que era uma janela de vidro. Pow!!! Podia ocorrer a qualquer hora. E ela falava lindamente e expunha seu jeito singular com seus cabelos laranja e sua inteligência e espontaneidade. Mostrou-lhe também músicas com gostos extremamente semelhantes, falava dos instrumentos com propriedade, embora leiga. Ele ia ficando cada vez mais encantado, hipnotizado e com medo. O que lhe impingia aquele medo? O que, em suas origens, em sua história de vida poderia justificar tal medo? Não sabia dizer. Conceitos religiosos, conceitos familiares, massacres sofridos? Não sabia, não sabia de nada, a não ser que o medo tomava conta dele de forma incontrolável, e quanto mais interessante lhe fosse uma mulher, maior a tendência de que fugisse. Ela foi, finalmente, preparar outra xícara de chá aromático para ambos enquanto deixou um CD do Branford Marsalis tocando... magnífico, com Kenny Kirkland no piano, Omar Hakin na bateria e Darryl Jones no baixo. A mesma banda que acompanhara Sting em sem álbum ao vivo, um de seus prediletos, Bring On The Night. Viajou ouvindo aquele jazz moderno e empolgante até que ela chegou com o chá aromático novamente. Olhou-a com admiração e pegou a xícara, mas tomou o chá o mais rápido que pôde, com ímpetos de fugir. Não fugiu. Ela disse que tinha que ir ao Centro e o chamou, ele disse que não podia, por causa do compromisso ou trabalho ou sabe lá o que havia dito que tinha que fazer. Despediram-se com um beijo no rosto, mas não trocaram telefone e nem sequer perguntaram seus nomes. Ela tomou um ônibus em uma direção e ele tomou o metrô em outra direção, voltando para sua casa sem vida. O nome dele era não-sei ou pouco-importa, o dela, para ele, ficou sendo Mme. Laranja Fugídia... Linda. Nunca mais a viu, embora tenha tentado encontrá-la no mesmo metrô, nos mesmos horários e até tenha passado na casa dela. Mas ela havia se mudado. Ele só descobriu seu nome, através do porteiro do prédio simples e descolado: Orange. “Nome estranho, né, dotô?”, inquiriu o porteiro de forma amigável e simplória. Tem tudo a ver. Orange fugiu com seu cabelo laranja pra sabe-se lá onde. Ele? Ele seguiu tentando fugir dos seus medos e tomando o mesmo metrô sempre que possível e procurando por um cabelo laranja que poderia estar de qualquer outra cor. Nunca encontrou... nunca encontrou nada.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

V ou F?

Os falsos caminham tranquilamente pela calçada molhada de chuva lá fora. Os sinceros igualmente, lado a lado com os primeiros, caminham pela mesma trilha sem, às vezes, uns e outros, saberem quem são uns, quem são outros. Às vezes nem se sabem, os sinceros, por tanto temerem-se falsos. E nisso os falsos levam vantagem, pois se sabem falsos e raramente acreditam-se verdadeiros. Quando acreditam, o caso é patológico e daí o diagnóstico inútil e, via de regra, impossível.

domingo, 24 de novembro de 2013

Saber

Usar a consciência da inconstância para ser mais constante... é saber-se.

domingo, 17 de novembro de 2013

Antiarte (do viver...)




E sem dom artístico algum se meteram a pintar o que chamaram de retratos, mas incapazes eram de ver os traços reais. Viam distorções, projeções de si. Saíram, então, caricaturas grotescas, mal feitas e monstruosas. Daí por diante, passaram a ver só os monstros que criaram em suas próprias telas, reflexos deles mesmos.

Convencer-se

Quem precisa muito afirmar e reafirmar algo, é porque provavelmente lhe falta convicção e real crença interna naquilo que afirma tão enfaticamente.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

A nota aí

Noto cada nota
que se dispersa
nesta música
estranha
que me acompanha .

Noto cada fato
como se feto fosse,
meio escuro,
meio molhado,
meio perdido,
meio ainda que nada.

Noto cada estrela
a brilhar até onde
meus olhos alcançam,
e onde não,
sigo a procurar seu brilho.

Noto que noto pouco
muitas coisas próximas,
que noto muito
ciosas distantes e que
não queria notar
as coisas doídas.

Noto cada nota
desafinada
com desprazer,
mas não sei afinar
toda a musica, nota-se
que segue como é.

Clichê

A vida em suspenso
A vida é suspense, clichê:
Não sei do amanhã
Do hoje, nem soube
Do ontem, nada entendi

Suspende-se o suspense?
Jamais! É condição sine qua non
Se é vida, é não-sei
Se é vida, é interrogação
No meio disso, decisão

Um passo pro abismo
Um passo pro hipotético
Um sonho com paraíso
Utopia, quimera
Felicidade toda, quem dera!

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Possível

Arte: Sócrates Magno Torres
Meti o pé na porta
e arrombei meu coração
Desci ao próprio inferno
tentando buscar meu céu

Descobri-me purgatório
de sentimentos
Bons, ruins, duvidosos,
certeiros e tantos outros

Tentei adjetivar tudo
o que via e tinha
Deparei-me com tantas etiquetas
que perdi meus modos

De modo que deixei
tudo pra trás
A porta quebrada,
o coração arrombado e ideais

Caí na real e sucumbi
ao dia a dia, no possível viver
Respirar, sentir
ainda que pouco, mais que nada

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Selvagem

E o ser humano não pode ter um lado selvagem? Pode, claro que pode. E tem. O importante é não confundir o ser selvagem com a crueldade.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Certo x errado

No campo do possível, não existem escolhas certas ou erradas. As escolhas são meramente possíveis, nada mais. Não cabe condenação ou aplauso.

domingo, 3 de novembro de 2013

Olhar

A grande frustração do sol talvez seja, aos meus pequenos olhos, não conseguir enxergar a noite com todo seu brilho.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Goiânia I

No último dia 18 de outubro foi lançado no IHGG (Instituto Histórico e Geográfico de Goiás) o livro "Goiânia 80 Anos de Poesia" organizado por Ubirajara Galli e Elizabeth Caldeira Brito contando com obras de 80 poetas e escritores convidados em comemoração aos 80 anos do lançamento da pedra fundamental de Goiânia, que se deu em 24 de Outubro de 1933. A convite de Elizabeth em colaborei com a poesia Goiânia I, na página 66, que segue abaixo. Meus sinceros agradecimentos e meu desejo de que Goiânia se torne uma cidade melhor para todos.


Pintura: Amaury Menezes
Goiânia que me tem
Nas linhas e entrelinhas
Nas suas ruas confusas
Na falta de cultura
E na cultura desconhecida
E essa não falta, farta

Goiânia que me comemora
E me carrega nos sabores
Odores, sotaques e anacronismos
Corro atrás e
Corro adiante
Corro de e para Goiânia

Goiânia, amarela do pequi
Da faxina necessária
Goiânia que me dói nos ossos
Goiânia-eu, Goiânia-outubro
De origens recentes
Se irradia como pode adiante

Há uma da qual fujo
Há outra que embalo no sono
Há uma que enxoto
Há outra que acolho
Goiânia que sou e me tem

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Os problemas do mundo

Há quem veja todos os problemas do mundo, aponte o dedo e se manifeste contra todos os problemas do mundo, exprima sua revolta e repúdio por todos os problemas do mundo, queira resolver todos os problemas do mundo, mas não agem nos problemas mais próximos. Quando gritam assim demasiadamente, a mensagem de revolta pouco tem a ver com os problemas do mundo, é um SOS por si mesmo, um pedido de socorro a si. Mas isso não veem, fica à parte do mundo.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Aos voos...





Às vezes não sei se o que queremos é voar ou se é um poleiro seguro, mas o nosso querer, diante da vida, pouco importa. Tomamos, às vezes, rumos inesperados e indesejados. É da vida... e dói.




 

           Obs.:
         A todos os que "voaram" quando queriam continuar num poleiro seguro e confortável. Não sei o que encontraram neste voo, mas espero que tenha sido e seja paz.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Vazios

É nas redes sociais que hoje em dia se vê, como nunca, que o mundo está totalmente cheio de vazios por toda parte, e com orgulho dos vazios.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Em si

Imagem: Laura Ballesteros







Não posso me agarrar a eu

Estou fora de mim
Você é eu fora de si

sábado, 5 de outubro de 2013

Sinto

Em cada pranto
um canto arranjo
espanto
canto e desencanto

Amacio a dor
na medida do impossível
sinto a brisa
sinto a tempestade

Sinto muito
sinto tanto mais
na impotência humana
diante do viver

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Mergulho


Eis que a vida me sustém
Envolta em névoa
Em equilíbrio distante, instável

Mãos delicadas
Às vezes desajeitadas
Sei que cairei um dia

E a vida continuará
Sentada, ereta e vendo
Meu mergulho ao infinito

Que esse dia tarde
Que o mergulho seja sereno
Que me acompanhe a paz

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Adentro


E noite adentro
Entro eu
Noite afora sem fim

Olhos sonolentos
Pensamentos com dono
Não domados

Dia amanhecerá
Dia decorrerá
Noite talvez voltará

domingo, 29 de setembro de 2013

Casos II

Era um caso perdido por ter sido considerado um achado.

Casos

Era um achado por ter sido considerado um caso perdido.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Sa... ídas

Arte: Tonho Oliveira - Porto Alegre/RS


Quando pensou
Ter encontrado saída
Caiu em si e
Perdeu-se no vácuo 

          Ivan Bueno


Eu também vivo assim:
caindo dos céus que crio
e em que "cri".
Sorte que além do céu,
tudo é ainda infinito. 

          Cássia Fernandes








Obs:
Parceria artístico poética entre Tonho Oliveira, que inicialmente criou a figura, eu e Cássia Fernandes, que "poetamos" inspirados pelo desenho.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

À boca pequena

Corre à boca pequena
Nos cantos e becos da vida
Que bocas pequenas
Também beijam

Que línguas geográficas
Nem sempre viajam
Que corações grandes
Podem levar à morte
Que regras inflexíveis
Se quebram num crec

Corre á boca pequena
Nos mais sórdidos cantos
Que em boca fechada
Não entra é comida

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

O que causa

Por trás de toda ferrenha defesa de causas alheias há sempre um grande pedido de socorro pessoal, para si, totalmente particular.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Do fingir

Como uma boa covarde que se faz de forte mas foge dos reais sentimentos da vida, correu do sentimento de afeição, de amor, enfiou o rabo no meio das pernas e fugiu aterrorizada, esquecendo-se apenas de que era uma escorpiana. Ferroou a si mesma, perdendo assim a própria vida, por covardia travestida de coragem. Foi assim que sempre viveu, fingindo-se só coragem e chorando de medo.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Cirurgia

Arte: Tonho Oliveira - Porto Alegre/RS




Abri meu peito para amar mas, sem saber, me vi submetido a uma complicada cirurgia cardíaca. Ao final o peito foi fechado e grampeado.

domingo, 8 de setembro de 2013

Flores azuis


Presenteou-a com flores azuis
Da cor dos seus olhos,
Como o céu límpido lá fora,
Livre das nuvens que foram.

Voltarão, é certo.
O mundo é um pêndulo,
Um grande vai e vem,
Mas em vidas distintas.

Colocou, ela, as flores num vaso,
Encheu-o de água límpida,
Mirou-as com seus olhos azuis
E se viu ali, tão cinza. Não sorriu.

sábado, 7 de setembro de 2013

Fim ou término?

Se a vida tem um fim, qual é, se ela sempre termina num "the end" raramente romântico ou confortável? Qual o fim desse fim?

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Martelo








Nessas pancadas insistentes desse martelo pesado, nunca houve pausa no ritmo, no peso, na força, na carga, no castigo que dá. O prego, já enfiado na madeira, e continuou batendo. A madeira começou a trincar, a ceder, e o objetivo de tudo ficou sem resposta. Mas o martelo não parou jamais. Quem o empunha não tem noção do que faz.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Entropia

Sinto, perplexo, a ação do tempo
O seu corroer das coisas
A sua entropia demasiada
Levando e levando, pouco traz

Sinto muito pelo que vejo, dói
A despedida de tudo vem e vem
Nos outros e em mim
Os outros e eu, até um fim

Por tudo que vai com o tempo
Os ganhos se perdem
E quando o fôlego já não aguenta
É quando mais se sabe... à toa

sábado, 24 de agosto de 2013

Carruagem

Afogo-me no oco humano
Que se enche de álcool
Que se afoga de vazio
Que se busca fora de si

Sufoco-me com a falta de ar
O oxigênio que não
Os gases tóxicos emitidos
A falta de passos e rumo

Mato-me a cada dia de vida
No desandar da carruagem
No empacar do cavalo
Na roda que se solta e sai

Ali









Abriram-lhe a porta da cela, tiraram-lhe as algemas, mas ainda assim o homem continuou ali dentro sem saber aonde ir e por que ir. Dali onde foi posto nunca mais saiu a não ser para a morada final.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Error #001

Arte: Wester Art






Tentar consertar o mundo é algo desconcertante! Não há mesmo algum maestro com uma batuta que acerte a mão neste concerto.

Ant' agonia

Foto: NGC 602 by Lynn Hilborn
Eu sou consequência quando nasço
Depois sou causa quando vivo
Sem deixar de sofrer as consequências
Ou de ser responsável pelas causas

Sou, portanto, ação e reação,
Algo causa e um tanto consequência
Sou humano e animal
Inteligente e irracional

Sou anjo e sou demônio
Sou deus e o diabo
Uma mescla de tudo que orbita
Nos céus e universos

Sem saber-me ao certo imenso
E simultaneamente diminuto, infinito
Limitado na eternidade
Perturbado com a reinante mediocridade

Up

Arte: Tonho Oliveira - Porto Alegre/RS






Se a vida é aleatória como um jogo de amerelinha, o céu é como um buraco onde a gente cai pra cima?

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Para não

Para não enlouquecer
Tento me desfazer
Da loucura sempre tida
Romper a camisa de força
De dentro de mim

Me conter no ruim
Me soltar no viver
Livrar-me da morte
Ter alguma gota de sorte
Descobrir a que vim

Para não enlouquecer
Tento me recriar
Na sanidade vindoura
Vestir camisa comum
Fora do fim, em mim

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

10 humanos

Lidar com seres humanos é, às vezes, uma das experiências mais desumanas que se pode ter, compulsoriamente. Em oposição, às vezes pode ser mágico.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Se seguir...

Vozes vociferantes
Medos medonhos
Amores odiosos
Ódios rancorosos
Caminhos desencaminhados

Olhares cegos
Ouvidos moucos
Compreensões burras
Inteligências limitadas
Sentimentos dormentes

Seguir adiante
Parar pra descanso
Dormir de olhos fechados
Pensar com o cérebro
Desistir ou continuar

Decisões indecisas
Coragens em fuga
Companhias isoladas
Parcerias ímpares
Incoerências de se viver

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Corda bamba

Figura: www.artefiguras.com.br
Não sei se equilibrista ou palhaço
Dando um passo em falso
Pé ante pé
Tentando seguir
Tendo abaixo um abismo
E à frente o indefinido

Voltar nunca foi opção
Puseram-me um nariz vermelho
Na minha cabeça, labirintite
E eu na corda bamba
Mas me deixaram ir avante
Muitos riam, tantos ignoravam

Corda longa ou curta
Depende do ponto de vista
Quando balança, longa
Quando me equilibro, curta
E seguir é a opção
Ou para a outra ponta
Ou para onde para o coração

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Meias tigelas

Em toda crença há uma parcela de verdade e outra de engano. No entanto, e infelizmente, além de inevitavelmente, praticamente todas as religiões e filosofias querem se dizer e se crer detentoras da Verdade, essa com maiúsculas, que a rigor não deve estar abrangida em parte alguma. Poucos admitem que há sempre um "não sei" nas hipóteses "certas" que escolhem, consciente ou inconscientemente, seguir. Daí faz-se um mundo de "detentores de verdades", mas de meia tigela. Cruzes!

Há dias

Há dias em que os machucados doem mais, as feridas sangram mais amiúde, mais intensamente, mas nem todo mundo vê, nem todo mundo entende, pois têm olhares dormentes, mortos. No máximo veem esses sangramentos quando na forma de lágrimas. Não raro repreendem a manifestação com um “reaja!” ou “saia dessa!”, cheios de fórmulas mágicas de autoajuda e uma burrice endêmica. "Reaja! Vamos lá, olhe pra sua ferida, permita-se humano.", seria a resposta. Mas são raras as pessoas que sabem manter o silêncio, respeitar e, se puderem, apenas dar o que há de mais importante nesses momentos: um abraço sem palavras sem profundidade e conteúdo real, coisa de quem tenta resolver aquilo de que nem entende. Apenas um abraço, "apenas"... e silêncio.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

A música

Escutei no rádio uma música antiga, daquela dos tempos em que a música tinha poderes sobrenaturais de entrar no corpo e na alma e arrepiar tudo, deixar marcas irremovíveis. Isso se prolonga pro resto da vida e, quando ouvida, ainda que décadas depois, traz de volta o momento, as pessoas, os lugares, o tempo e, junto, um aperto de saudade dentro do peito. Deixei a música ecoar e, embora tenha durado uns 3 minutos apenas, depois continuou a tocar dentro de mim, por tudo que ela tocou. Veio muita gente à vista, à memória, à saudade; vieram momentos dos feitos e não feitos, mas desejados; vieram tempos, eras, gentes idas e outras ainda presentes; vieram beijos, abraços e desejos. Tanta coisa uma música pode carregar, guardar, gravar em nós. Inevitavelmente vieram lágrimas e um misto de sorriso e choro, um misto de alegria e dor. É vida carregada pela música, pela memória, alimentando a alma.


          Ouvi a música
          O rádio se desligou
          Notas ecoaram
          Lágrimas e lembranças
          Sorriso e dor
          Gentes, amores
          Idos e vindos
          Na música, na alma
          Na dor e na calma
          Ouvi a música
          Que me ouviu

          Que me tocou, me toca

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

O grito

O grito que me habita
É legião
É multidão
Desnorteada, descontrolada
Enfurecida, desesperada

O grito que me habita
Urra alto
Reclama e clama
Esbofeteia meu rosto
Depois sorri e chora junto

O grito que me habita
Sou eu e não eu
É o mundo em mim
É o imundo de mim
O grito que sou

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Se deus quiser

Há de se lutar
Pela vida
E há um tempo
Uma hora
Em que há de se parar
De lutar
Pela vida
Assim como é
Como entendemos
Se reconciliar
Com o não viver
Nossa condição pré
Nossa condição pós
É preciso ir
Saber ir
Se deus quiser
Em paz
Como for
Como tiver de ser

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Siamês

Fotografia: Michael Bilotta
Siamês de mim
Luto comigo
E contra mim
Tentando me salvar
De mim me livrar
Dia a dia
Noite a noite
Às vezes em claro
Ou sem querer acordar
Tento a fuga de mim
E comigo me encontrar
Sem fim, o fim
Luta vã, ao léu
Será?
Serei?

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Asas





De todas as entidades e seres que têm o direito de voar ou de querer voar, o único que deveria ser tolhido nisso era o Tempo. Ah, o Tempo deveria ter as asas cortadas constantemente, mas só ele, Tempo, não o caminhar das coisas boas.

terça-feira, 30 de julho de 2013

O nome do medo

Nomeie seus medos
Um a um, sem dó
Identifique-os
Porque medo que tem nome
É medo desmascarado

Quando o medo se esconde
Fica sem identidade
Habita as profundezas
Ataca à surdina
Pega de surpresa, te faz presa

Nomeie os medos
Os que forem possíveis
E deles se esquivará
Se compreender
Que você é o medo sem nome

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Tentáculos

Ando porque tenho pernas
E se movem
Mas não me desloco
Não vou
Nem tenho como voltar

Nado porque tenho braços
E se movem
Mas não me traslado
Também não vou
Nem tenho como voltar

Somente não afundo
Embora me sinta afogado
Refogado, queimado
Esgotado, cansado
Mas respiro fundo, tento

terça-feira, 23 de julho de 2013

Tempo por que?

Por que o tempo corre
De que ele foge
Por que nos arrasta
Por que nos devasta
Pra onde ele vai?

Por que o tempo ocorre
De onde ele surge
Pra onde ele vai
Pra que ele faz
Pra depois desfazer?

Por que o tempo
Acorrenta-nos os pés
E nos leva arrastados
Resvalando no espaço
Sem escapatória
Sem ida e volta, sem volta?

Por que a corrente
Que nos acorrenta ao tempo
Enquanto nos livra no espaço
Por quanto tempo ele gira
E nos desnorteia sem fim?

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Balde de água fria





Hoje um balde
De gelo
Vindo do alto
Direto na minha cabeça
Balde de água fria
E gelo
Granizo pré-fabricado
Caiu aqui
No cocuruto
Mas fui eu mesmo
Que joguei



To: A.M.F.

domingo, 14 de julho de 2013

Tarta... rugas

Nem sempre é o tempo que passa. Às vezes é só a vida que passa, correndo depressa demais enquanto caminhamos como tartarugas de vida curta.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Entalo

Engoli meu grito, entalou na garganta, me sufoquei e ninguém sequer notou que eu estava ficando vermelho.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

iRacional

O ser humano, a meu ver, continua sendo o menos sensato e o mais incoerente de todos os animais, mas ainda se autointitula racional... Imagem e semelhança de quem mesmo?

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Triste sorriso

Os tristes também conseguem ser bem humorados, e a tal ponto que os desavisados nem sequer têm a capacidade de ver a tristeza ali residente.

Seca

Os pais sempre foram secos e frios. Não era possível esperar dela outra coisa que não fosse também secura, frieza e um jeito de ser rude e agressivo. Jamais seria úmida.

Lua pipoca

Lua cheia
Me mira nos olhos
Te sinto a falta
Nublada que estás
Distante de mim
Um lado é oculto
Outro semi-iluminado

Lua cheia
De vida, de lida
De amor, de viver

Lua cheia
Podia ter-te laçado
Deixei-te escapar
Entraste em órbita
E brilha, e pula
Brilho próprio
Noutro sistema
Lua pipoca

quarta-feira, 3 de julho de 2013

(Des)iguais

Somos todos iguais perante a lei... mas só perante a lei, no papel, e nunca perante a realidade cotidiana, mesmo aos olhos de uns e outros. Somos desiguais de desigualadores, ainda que não tomemos frequentemente consciência disso.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Pé a pé

Em discretas situações
Secretas
Metas absurdas ativas
Intuitivas
Trilhas de obstruções
Rompidas
Caminho seguido
Trilhado
Palmo a palmo
De pé
Pé ante pé seguido

Aparte

Arte: ver rodapé da imagem
Há uma parte
Em partes
Um quebra-cabeças
A montar

Faltam peças
Que talvez
Nem existam

Preciso fabricar
A parte
À parte do todo
No todo

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Não ser...

Quando o mais importante em ser é o não ser, Shakespeare se embanana, trança as pernas, tropeça quase tanto quanto eu. Se o não ser se faz necessário e premente, mente quem se diz totalmente feliz.

domingo, 16 de junho de 2013

À luz

Engana-se quem acha que um filho se gesta e se da à luz pela barriga. Não, um filho se gesta e se dá à luz é no coração, pelo coração.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Condição

Nenhuma crença deve ser imposta ou espalhada aos sete ventos sem que seja desejada ou querida por quem a ouve. Nem tampouco as descrenças e ateísmos devem ser impostos ou espalhados, pois eles não passam de crenças às avessas. Todos se agarram a algo. Perigoso é achar-se detentor da Verdade. Ninguém é. O respeito mútuo é condição sine qua non para a paz desse mundo de Deus.

domingo, 9 de junho de 2013

Trampolins



Dos trampolins saltei
Mas não foi ornamental
Foi tentativa de alçar voo
Tentativa de belo mergulho
Mas o voo não se fez
E a piscina estava vazia
Quando dos trampolins
Saltei ao chão

sábado, 8 de junho de 2013

Solo

Meus melhores solos na vida foram todos feitos em dupla.

Fluência

A fluência do tempo às vezes o torna como a água que nos afoga, às vezes como a corrente que nos conduz à margem...

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Restolho

Os zumbis são sempre mortos...
                                         ironia extrema

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Águas de março

As águas de março estão em abril
Agora junho
Águas sem fim
Dilúvio insano
Coisa fora de data, fora do lugar

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Chuva




Chuva leve
Chuva leve por favor
Leve sempre
Leve para longe
O peso
A carga
A dor, leve chuva

domingo, 26 de maio de 2013

. . . - - - . . .

Às vezes reina a incompreensão e a alienação. O próximo é distante e o distante não tem muito como interferir, mesmo que se queira fazer próximo.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Árvore



Parece árvore robusta
Galhos frondosos e fortes
Flexibilidade testada
Anos a fio fletida e firme

Parece árvore forte
Folhas verdes e amarelas
Tremem ao vento
Como qualquer árvore

Parece árvore centenária
Há quem a inveje
Mas hoje ela treme
E nem precisa de vento

Parece árvore ao vento
E é árvore a ruir
A ruir por si mesma
Acúmulo de ataques internos

Parece árvore saudável
E tem tronco oco, carcomido
E a cair diante de todos
Em estrondo enorme

Sinto muito

Sinto muito, sinto tanto, sinto com tal intensidade que me adormeço por completo: de corpo, alma, coração e espírito.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Patr... id

O patriotismo é o equivalente do individualismo, do egoismo e do egocentrismo, só que elevado à potência de um país. É tão estúpido quanto no nível individual, mas pode ser mais patológico por atingir o inconsciente coletivo... Será inconsciente? Coletivo é!

segunda-feira, 20 de maio de 2013

In... exists

Como será não existir?
Não ser,
Não estar,
Não saber,
Não sofrer,
Não sorrir nem chorar?

Como será não existir?
Puro prazer,
Puro não ser,
Puro in existir,
Puro gozo,
Nenhum nada em nada?

Como será?
É possível pensar?
Como será?
É possível não ser?
Espero, espero
E espero que sim.

À flor da pele



Se me tocas
Tão à flor da pele estou
Não podes esperar
Gozo algum
A não ser de lágrimas
E gritos e gritos

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Fé demais

A posição radical de um religioso, detentor de "verdades", demonstra pateticamente o quanto ele é infeliz e inseguro quanto às suas crenças e opções de vida, numa escravatura às vezes inconsciente, às vezes delinquente. Quem tem confiança tem paz.

Mundos

E o que é o mundo, afinal, senão pequenos mundos feitos pela percepção e vivência de cada pequeno ser? Sem a percepção, o mundo não exiete!

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Negação ao direito de resposta

O mundo, por si só, mostra o quanto às vezes deus erra a mão ao impor cruzes nas vidas de algumas pessoas que sucumbem esmagadas, destruídas. Há, sim, erro de avaliação. A este erro os demais chamam de fraqueza. Ao esmagado, nenhum direito de resposta: é morto!

Hasteadas

Muitas bandeiras hasteadas demonstram a quantidade de limites divisórios que as pessoas impõem umas às outras, aos fatos, aos mundos e às realidades. Demonstram a metonímia reinante, redundantemente, em partes picadas no lugar do todo ou pelo todo.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Mudança

Não são as palavras que mudam o mundo, são as conotações.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Clap clap clap

Os prêmios, por si só, não me dizem nada. Os critérios de várias premiações costumam levar muito mais em conta aspectos políticos, financeiros e de status do que qualidade real. Serve pra maioria, mas há quem colecione. Aparência, não essência! Como se prêmio e popularidede fossem qualidades por si só; como se títulos fossem sinônimo de sabedoria...

sábado, 27 de abril de 2013

Porta-retratos

Será preciso
remover dos porta-retratos
as fotos dos tempos idos,
das pessoas partidas,
dos sonhos desfeitos,
dos reflexos
das dores e das saudades?

Será preciso
remover dos porta-retratos
aqueles que já não somos,
aqueles que já não são,
aqueles que não eram
quem pensávamos no caminhar?

Será preciso
remover dos porta-retratos
as lembranças
tão dolorosamente marcantes,
os retratos de quem
nem sequer fomos, mas éramos,
e tudo mais?

Se assim é,
minhas mesas restam vazias,
minhas paredes sem quadros
que não abstratos,
mas das mentes das gentes,
essas cenas não se vão,
são tortura constante.