segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Adentro


E noite adentro
Entro eu
Noite afora sem fim

Olhos sonolentos
Pensamentos com dono
Não domados

Dia amanhecerá
Dia decorrerá
Noite talvez voltará

domingo, 29 de setembro de 2013

Casos II

Era um caso perdido por ter sido considerado um achado.

Casos

Era um achado por ter sido considerado um caso perdido.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Sa... ídas

Arte: Tonho Oliveira - Porto Alegre/RS


Quando pensou
Ter encontrado saída
Caiu em si e
Perdeu-se no vácuo 

          Ivan Bueno


Eu também vivo assim:
caindo dos céus que crio
e em que "cri".
Sorte que além do céu,
tudo é ainda infinito. 

          Cássia Fernandes








Obs:
Parceria artístico poética entre Tonho Oliveira, que inicialmente criou a figura, eu e Cássia Fernandes, que "poetamos" inspirados pelo desenho.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

À boca pequena

Corre à boca pequena
Nos cantos e becos da vida
Que bocas pequenas
Também beijam

Que línguas geográficas
Nem sempre viajam
Que corações grandes
Podem levar à morte
Que regras inflexíveis
Se quebram num crec

Corre á boca pequena
Nos mais sórdidos cantos
Que em boca fechada
Não entra é comida

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

O que causa

Por trás de toda ferrenha defesa de causas alheias há sempre um grande pedido de socorro pessoal, para si, totalmente particular.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Do fingir

Como uma boa covarde que se faz de forte mas foge dos reais sentimentos da vida, correu do sentimento de afeição, de amor, enfiou o rabo no meio das pernas e fugiu aterrorizada, esquecendo-se apenas de que era uma escorpiana. Ferroou a si mesma, perdendo assim a própria vida, por covardia travestida de coragem. Foi assim que sempre viveu, fingindo-se só coragem e chorando de medo.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Cirurgia

Arte: Tonho Oliveira - Porto Alegre/RS




Abri meu peito para amar mas, sem saber, me vi submetido a uma complicada cirurgia cardíaca. Ao final o peito foi fechado e grampeado.

domingo, 8 de setembro de 2013

Flores azuis


Presenteou-a com flores azuis
Da cor dos seus olhos,
Como o céu límpido lá fora,
Livre das nuvens que foram.

Voltarão, é certo.
O mundo é um pêndulo,
Um grande vai e vem,
Mas em vidas distintas.

Colocou, ela, as flores num vaso,
Encheu-o de água límpida,
Mirou-as com seus olhos azuis
E se viu ali, tão cinza. Não sorriu.

sábado, 7 de setembro de 2013

Fim ou término?

Se a vida tem um fim, qual é, se ela sempre termina num "the end" raramente romântico ou confortável? Qual o fim desse fim?

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Martelo








Nessas pancadas insistentes desse martelo pesado, nunca houve pausa no ritmo, no peso, na força, na carga, no castigo que dá. O prego, já enfiado na madeira, e continuou batendo. A madeira começou a trincar, a ceder, e o objetivo de tudo ficou sem resposta. Mas o martelo não parou jamais. Quem o empunha não tem noção do que faz.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Entropia

Sinto, perplexo, a ação do tempo
O seu corroer das coisas
A sua entropia demasiada
Levando e levando, pouco traz

Sinto muito pelo que vejo, dói
A despedida de tudo vem e vem
Nos outros e em mim
Os outros e eu, até um fim

Por tudo que vai com o tempo
Os ganhos se perdem
E quando o fôlego já não aguenta
É quando mais se sabe... à toa