terça-feira, 30 de julho de 2013

O nome do medo

Nomeie seus medos
Um a um, sem dó
Identifique-os
Porque medo que tem nome
É medo desmascarado

Quando o medo se esconde
Fica sem identidade
Habita as profundezas
Ataca à surdina
Pega de surpresa, te faz presa

Nomeie os medos
Os que forem possíveis
E deles se esquivará
Se compreender
Que você é o medo sem nome

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Tentáculos

Ando porque tenho pernas
E se movem
Mas não me desloco
Não vou
Nem tenho como voltar

Nado porque tenho braços
E se movem
Mas não me traslado
Também não vou
Nem tenho como voltar

Somente não afundo
Embora me sinta afogado
Refogado, queimado
Esgotado, cansado
Mas respiro fundo, tento

terça-feira, 23 de julho de 2013

Tempo por que?

Por que o tempo corre
De que ele foge
Por que nos arrasta
Por que nos devasta
Pra onde ele vai?

Por que o tempo ocorre
De onde ele surge
Pra onde ele vai
Pra que ele faz
Pra depois desfazer?

Por que o tempo
Acorrenta-nos os pés
E nos leva arrastados
Resvalando no espaço
Sem escapatória
Sem ida e volta, sem volta?

Por que a corrente
Que nos acorrenta ao tempo
Enquanto nos livra no espaço
Por quanto tempo ele gira
E nos desnorteia sem fim?

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Balde de água fria





Hoje um balde
De gelo
Vindo do alto
Direto na minha cabeça
Balde de água fria
E gelo
Granizo pré-fabricado
Caiu aqui
No cocuruto
Mas fui eu mesmo
Que joguei



To: A.M.F.

domingo, 14 de julho de 2013

Tarta... rugas

Nem sempre é o tempo que passa. Às vezes é só a vida que passa, correndo depressa demais enquanto caminhamos como tartarugas de vida curta.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Entalo

Engoli meu grito, entalou na garganta, me sufoquei e ninguém sequer notou que eu estava ficando vermelho.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

iRacional

O ser humano, a meu ver, continua sendo o menos sensato e o mais incoerente de todos os animais, mas ainda se autointitula racional... Imagem e semelhança de quem mesmo?

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Triste sorriso

Os tristes também conseguem ser bem humorados, e a tal ponto que os desavisados nem sequer têm a capacidade de ver a tristeza ali residente.

Seca

Os pais sempre foram secos e frios. Não era possível esperar dela outra coisa que não fosse também secura, frieza e um jeito de ser rude e agressivo. Jamais seria úmida.

Lua pipoca

Lua cheia
Me mira nos olhos
Te sinto a falta
Nublada que estás
Distante de mim
Um lado é oculto
Outro semi-iluminado

Lua cheia
De vida, de lida
De amor, de viver

Lua cheia
Podia ter-te laçado
Deixei-te escapar
Entraste em órbita
E brilha, e pula
Brilho próprio
Noutro sistema
Lua pipoca

quarta-feira, 3 de julho de 2013

(Des)iguais

Somos todos iguais perante a lei... mas só perante a lei, no papel, e nunca perante a realidade cotidiana, mesmo aos olhos de uns e outros. Somos desiguais de desigualadores, ainda que não tomemos frequentemente consciência disso.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Pé a pé

Em discretas situações
Secretas
Metas absurdas ativas
Intuitivas
Trilhas de obstruções
Rompidas
Caminho seguido
Trilhado
Palmo a palmo
De pé
Pé ante pé seguido

Aparte

Arte: ver rodapé da imagem
Há uma parte
Em partes
Um quebra-cabeças
A montar

Faltam peças
Que talvez
Nem existam

Preciso fabricar
A parte
À parte do todo
No todo