segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Two too

- Eu acredito em final feliz. - disse olhando linda e pateticamente pras estrelas no céu
- Eu acredito em final. - respondeu o outro
- Como assim? Não é feliz?
- Pode ser ou não ser, mas não é final ou talvez também não seja começo. Não acredito, simplesmente.
- Não entendi!
- Não tente, fique olhando pro céu.

domingo, 30 de dezembro de 2012

Ig nó rância

Não sei se sou o que falo ou se sou o que calo... Não sei quê.

sábado, 29 de dezembro de 2012

Um querer

Queria encontrar um sentido no sentido, mas sinto muito, fica difícil.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Bummm

Olharam aquela bomba por longo período, sabiam-na armada, havia um mecanismo com uma contagem regressiva de tempo que oscilava, sem obedecer aos relógios convencionais, e às vezes corria mais, às vezes menos, mas a contagem era regressiva, clara e... Bummm... Explodiu! E cinicamente os observadores ainda se disseram surpresos.

A pagão

Tive um apagão completo por mais de vinte anos, nem me dei por mim, e ainda não voltei a mim por estar em busca de quem sou.

domingo, 23 de dezembro de 2012

Tempo tempo tempo

Para tudo há um tempo, para todo tempo há uma consequência, para toda consequência há a necessidade de outro tempo que nem sempre ocorre e se finda.

Mitos

Deixem que o monstro seja criado. Ao final de tudo acabarão por descobrir que o monstro foi sempre um mito, uma quimera.

sábado, 22 de dezembro de 2012

G(d)ramática

A gramática mudou! Não tem havido espaço nem pra primeira pessoa do singular e menos ainda pra primeira pessoa do plural. Reinam as segundas e as terceiras.

Pós 21.12

Acho que o mundo não acabou. Se tivesse acabado haveria uma sensação de conforto no ar... Resta o mesmo ar, o mesmo cheiro, o mesmo tudo.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Christ... mas?

Arte: Tonho Oliveira - Porto Alegre/RS



Empacotar os conceitos do cristianismo em uma caixa de consumismo é algo que deveria ser enterrado, mas que a cada dia ganha mais força. Embrulharam a cruz, e Jesus está à venda na boca de pastores, padres e gurus que rogam pragas a quem não adorar o Senhor.





Obs.:
Esta postagem pode também ser vista no blog de Tonho Oliveira, 6vQcoisa, autor da arte que inspirou o texto que, enxugado, virou aforismo. Vejam lá também.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

2/4

Nos encontramos como dois amputados, nos abraçamos e juntos novamente tínhamos duas pernas para caminhar e seguir. Só assim seria possível.

Acho

Acho que a esperança se deu e cedeu aos encantos desencantados e predominantes dos cantos retorcidos da vida.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Ida de... quem?

A infantilidade pode não diminuir com o progresso da idade. Cuidado! Preserve sua criança interior, mas não sua infantilidade. Senso de humor é um ótimo sinal de maturidade e de que há uma criança interior com vida. Viva!

A deus...

Têm certos apertos que nos vêm no peito, no coração da alma, que nos aflige e nos deixa imóveis e impotentes diante do que não podemos mudar. Nos últimos anos perdi uma tia querida, uma tia-avó querida, um primo-torto querido, dois primos jovens queridíssimos e tenho um outro primo sobrevivendo sem já não reagir a mais nada com esclerose múltipla. Na fila de partida há mais muitas tias e um tio e não posso, ninguém pode, fazer nada. Seja na morte natural ou nesses casos escabrosos que me levaram dois primos tão jovens: um a dois meses de completar 50 anos, o outro com 50 e poucos. Ficam lacunas, buracos que não se fecham, até mesmo na perda de tias que se foram pela idade. Mas a vida começou cedo a me mostrar que sua lógica não é tão confiável e, com 53 anos de idade, do meu lado, levou meu pai por parada cardíaca súbita decorrente de doença de chagas (que desconhecíamos). A vida é perdas. Poeticamente se fala muito em perdas e ganhos, mas a todo ganho sucede uma perda, portanto... Do nascimento em diante traçamos um caminho, seja ele qual for, rumo a um fim desconhecido. Feliz daquele que tem a morte tranquila, de preferência dormindo. Peço a deus que eu tenha uma morte assim e peço isto a deus por todos os meus. Todo mundo deveria merecer uma morte súbita, em sono, sem sofrimento e sem dor. Peço mesmo sendo um agnóstico, apenas peço como um desejo (e uma revolta) interno. E o peito apertado precisa seguir. Por que precisa seguir? Para onde precisa seguir? Pra que precisa seguir? Ninguém sabe. No fundo, tudo são conjecturas e teorias de vida eterna, propósito, convicções pessoais religiosas e/ou filosóficas... Tudo teorias, tudo incertezas, tudo medo, tudo – ao final – um aceno de adeus.

Ano a ano

Este ano o ano me mostrou que todo ano é ano pra gente descobrir que ano após ano as pessoas covardes e incoerentes continuam assim, anualmente covardes e incoerentes.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Isto é presente?

Arte: Tonho Oliveira - Porto Alegre/RS
De massacre em massacre, e não só nos Estados Unidos, mas uma coisa já “internacionalizada” desde muitos milênios atrás,a maldade e o desequilíbrio esteve sempre presente na história da humanidade
e se faz sempre presente.
Nesta semana mais um massacre nos Estados Unidos,mas e os massacres “invisíveis” da ditadura do consumo, do comportamento, da política que nos assolam a todo momento?
E chega o natal e todo mundo fica meio que instantaneamente “incorporado” pelo espírito natalino, cristão, o que for, às vezes de forma absolutamente hipócrita.
Quem sofre carência de roupas e cobertores e até brinquedos, não têm essas carências só no natal, mas sempre. De que adianta, efetivamente, esses movimentos sazonais natalinos? Não resolvem, abrandam temporariamente.
Passado o natal vamos continuar tendo medo do pivete no semáforo, seja para pedir ajuda ou seja para assaltar. Na dúvida, passamos. Acabamos adotando também uma atitude defensiva, até compreensível.
E o que está por trás dessas diferenças sociais e culturais? Eu acho que especialmente é educação, conscientização em massa, permanente. Mas há quem ache que não podemos criticar os políticos, enquanto somos uma sociedade que joga papel no chão, suborna policiais, fura fila, fura sinal vermelho, estaciona em vagas proibidas etc. Será que não podemos fazer as duas coisas, ou seja, criticar a nós mesmos e os políticos e exigir de ambos?
Desejo ver as coisas melhorando e ver menos maniqueísmo nas atitudes e nos pensamentos. Menos guerrinhas partidárias, menos guerras religiosas, menos atitudes filantrópicas sazonais em contraponto às atitudes diárias, que quase ignoram os semelhantes... São semelhantes? Falo de forma geral.
Queria árvores mais naturais, menos triangulares, e que o número de cruzes por mortes injustificáveis fossem substituídos por rosas e tudo plantado na mesma terra. Terra cultivada, as árvores frutíferas crescem sadias, crescem naturalmente e todos podem ir à praça, sem que a praça seja o quintal privilegiado e restrito de ninguém.
É... meio utópico? Pode ser, mas em muitos países a violência já é algo bem mais controlado. Por que não aqui e ali? Por que não eu, tu, ele e ela, nós, vós, eles e elas pensando no futuro de nossos filhos e netos?


            Texto: Ivan Bueno
            Revisão (cortes, edições e adições): Tonho Oliveira

            Arte: Tonho Oliveira 

OBS:
Esta postagem pode ser vista aqui e no blog de Tonho Oliveira, 6vQcoisa. Visite também os blogs Po-ética e Arquitetonho.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Oxalá!

Estava eu aqui rezando por você quando me dei conta de que sou agnóstico, de forma que pode ocorrer de também deus duvidar da minha existência e não querer me atender, pensando ser eu uma alucinação sua, alucinação divina! Será, pois, que todas as orações são assim como zumbidos que passam de um lado a outro pela cabeça de deus? Entram por uma orelha e saem por outra – e devem ser orelhas enormes – sem surtir praticamente efeito algum? Entram cheias e carregadas de esperanças e saem às vezes murchas e incrédulas diante da surdez ou do mutismo do ser a quem foram direcionadas. A questão é, meu caro amigo, que recebi notícias de que você estava melhorando, ainda que eu não tenha rezado a contento e que deus continue sendo esta incógnita idolatrada salve salve. Tomara que salve.

Fora de mim...

Ando muito fora de mim. Não quero me deparar com meus miúdos, intestinos labirínticos, coração apertado e, sabe-se lá, uma alma a gritar!

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Prazer


E que tua mão em voo leve
Como pássaro pouse em mim
E me ame e acaricie
Como se corpo todo fosse
Pois carrega a alma em cada célula

Universo de sensações
Águas que escoam monções
Rios que transbordam em sal
Lágrimas que restringem a visão
Aumentam a humanidade

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Nazi

Arte: Tonho Oliveira - Porto Alegre/RS







Me dá certa pena quando vejo pessoas dizerem - e com orgulho no peito - que seus animais têm pedigree. Parece uma coisa meio ariana, meio nazi, não sei.











Obs.:
Arte feita pelo artista gaúcho Tonho Oliveira especialmente para esta postagem, que aqui chega, como sempre, muito bem recebida. Conheçam o trabalho dele nos seus blogs 6vQcoisa, Pô-ética e Arquitetonho.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Nem tudo

Não vi o sol nascer todos os dias, não vi todas as luas cheias, nem todos os eclipses, nem contei muitas estrelas assim, mas vi planetas no telescópio, vi os anéis de Saturno, três luas de Júpiter. Alguma coisa boa eu vi, outras um tanto assustadoras, mas, ao menos aparentemente, sobrevivi..

So(m)bras

Fotografia: Ivan Bueno
Engatinho dentro de mim
Descubro o encoberto
Por mim, de mim, para mim

Levanto e caio em mim
Chamo, grito pelo adulto-eu
Choro, esperneio criança

Tento ver o homem-eu
Num eu-criança
Que, criança, não foi vista

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

País das maravilhas

Imagem: Disney - Cheshire, Alice in Wonderland
A última me apareceu retornando de um passado recente de seis anos atrás, quando ela queria porque queria tomar outro rumo na vida e eu era a terceira prioridade, se não estivesse fora do pódio. Desta vez chegou e tocou no mesmo assunto, depois de ter saído do país, de ter ficado fora do estado e, só então no início deste ano, retornado à cidade. Me beirou pelas redes, e nem usou o nome verdadeiro, um apelido. Logo se sentiu em casa e se convidou pra trazer um bolo, tomar um café comigo. Rendeu o café, trouxe muito mais comida, dentre doces, salgados e metáforas. Planos de filhos e, no meio do caminho, uma suspeita de doença para a qual servi de apoio e ombro, seja fazendo rir, fazendo companhia ou simplesmente acolhendo o choro compreensível. Também no trabalho dela as coisas não andavam muito bem, e tudo ao mesmo tempo. Estávamos juntos, muito juntos. Passado um tempo, a suspeita da doença se foi, ela emagreceu, um novo emprego apareceu, e uma distância (uma estranha distância) apareceu junto. Ao mesmo tempo carecia de apoio a outra ponta, antes suporte. Nesta hora mostrou-se agressiva, arredia, foi se distanciando, mudando, e senti que, mais uma vez, estava deixando de ocupar posição de prioridade. Via-me escorregando do pódio de novo enquanto tentava pensar, como quem coloca uma relação em primeiro plano, com todas as variantes e problemas que circundam a vida de cada um. Cada um tinha seus sacos de areia a carregar, suas cruzes e responsabilidades. Mas isto não era impeditivo, era parte dos espinhos da roseira. Fiquei quieto como quem observa um evento que, esperava eu, passaria e a tempestade iria, os fantasmas internos de ambos se aquietariam nesse vai e vem que a vida nos trás, mas haveria seguimento. As ligações se tornaram mais escassas, o viver junto foi ficando distante, os planos não foram mais citados, ela continuava impaciente até com a própriaa respiração e só retornou mesmo uma mensagem em que eu disse sentir falta. Um telefonema frio e burocrático. Depois silêncio! Psiu... Nada perturbou o silêncio. Fui seguindo, até que a tecnologia da informação me surpreende. Ah, como é bela a tecnologia até pra mostrar quem se esconde! Numa manhã, aproximadamente três semanas depois de ouvir novas juras de amor eternas, um e-mail dela. Não tinha, dizia, como agradecer os bons momentos vividos, mas era hora de encarar os fatos e que sabíamos (sabíamos?) que não havia como continuar e que também não era hora (que hora?) de fazer tantos planos. Ela não aguentou me ver, mesmo, um eu que às vezes também precisa de apoio. Não conseguiu ver que o “país das maravilhas” tem espinhos e contratempos e personagens como o Chapeleiro Maluco, a Raínha Vermelha, e não só a Raínha Branca ou o Coelho Branco. É... não havia poções mágicas, era um “país das maravilhas” tão real quanto o da metáfora do livro Alice, de Lewis Carroll. Aliás, me tomou este livro emprestado, detestou e nem conseguiu chegar à metade, sumiu e não mais o devolveu. Incomodou-a bastante! Psiu... Silêncio. Tem gente que não consegue encarar o barulho natural do “país das maravilhas”. Nem cabem filosofias e pensamentos de um Cheshire aqui. O desaparecimento fala por si só. Sigo!

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

In decência

Já me cansei de esperar pela decência e coerência de algumas pessoas. Isto nada tem a ver com idade ou educação, é algo muito mais profundo. Esperar honestidade e decência de todos é uma ilusão que não vale ser alimentada.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Uivos belos

Sabe, com o passar dos anos tenho observado algo que parece que vai na contramão do que, especialmente no mundo masculino, se vê e se valoriza. O passar dos anos torna os seres mais belos! Vejo fotos de amigos e amigas de quando eram bem mais novos, às vezes pós adolescentes, e penso “quanta crueza neste rosto”. É claro que há ali uma beleza pela ânsia do que se tem por descobrir, a beleza está em todas as idades, mas exatamente em cima desta última frase que vem a reflexão. As mulheres com 40, 50 anos ou mais adquirem um jeito, um olhar, uma fala que colocam elas mesmas aos 25 anos no chinelo. Passam um quê de poder, real poder, não prepotência, que tem tudo a ver com a maturidade, a vivência, e isto é de uma sensualidade e de um poder de atração enormes. Nunca se pode generalizar tudo, nem é minha intensão com estes comentários rotular as pré-lobas, as lobas e as pós-lobas. Apenas verifico, em cada mulher madura, interna e externamente, o quanto os anos bem vividos e bem assumidos, sem as neuroses do excesso de “ter que fazer correções”, traz beleza. Sinto pena do homem que não consegue ver isto e só consegue ver o “frescor da juventude”, procurando uma juventude que nem tem mais. As mulheres amadurecem mais e melhor que os homens – sorte nossa, homens que sabemos ver isto! – e se tornam mais saborosas para o que for: uma amizade ou um relacionamento homem-mulher. E o melhor é que não há um limite para isto, basta saber envelhecer sem ter o envelhecimento, o sentimento dele, como algo pejorativo. É fantástico, lindo, transbordante de experiências expostas nos atos, na fala, no que cala e no que age. Salve as lobas... e de todas as idades.

A falta

Fotografia: Ivan Bueno
Falta-me dizer o não dito
Falta-me dizer o já dito
Para ser ele compreendido
Para ser ele ouvido

Falta-me dizer o dizível
Falta-me dizer o indizível
Para ser ele ferida que amplia
Compreensão que sacia

Falta-me muita coisa fazer
Falta-me muita coisa deixar
Para ser o que não fui
Para não ser o que desgosto

Falta-me fazer o não feito
Falta-me desfazer o mal feito
Falta-me aceitar a imperfeição
E seguir, seguir, seguir

sábado, 1 de dezembro de 2012

Transitórios

Somos macroinsignificantes e, às vezes, microimportantes em algum contexto particular e transitório. Não passamos do transitório, a despeito do esforço filosófico em contrário. A eternidade é poética, e só o é graças à transitoriedade.