sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Naturalismo

Tenho alguns amigos que são vegetarianos, naturalistas: só comem peixe. Eu não sabia nem que peixe era vegetal e nem tampouco que vaca, porco, frango etc. são artificiais. Seres criados em laboratório! Deus do céu! Que mundo é esse? Na época do meu avô as vacas e galinhas eram naturais, agora são laboratoriais. Onde este mundo vai parar? Interessante esta minha descoberta. O que seria de mim sem estes amigos? Continuaria pensando que peixe é animal, por exemplo, e não é: é uma planta carnívora que nada e respira, afinal as plantas realmente respiram. Frutos do mar são o que? Frutas do mar? Deve ser. Adoro esses conceitos de vegetarianos e naturalistas. O cocô da vaca serve pra adubar a horta deles, mas a mesma vaca não pode ser comida. Interessante! Talvez um dia eu entenda isto. Dizem que comer carne vermelha nos deixa mais nervosos. E a vaca, coitada, tão mansa.
Piranha, animal voraz, pode, porque além de ser peixe, é vegetal, como já demonstrei. Os porcos também não são nervosos, só são barulhentos quando corremos atrás deles ou os pegamos. Atirem de longe e pronto, está resolvida a questão do barulho. E as galinhas, são calmas? Quando nos vêem ao seu encalço, não são. Há vegetarianos que comem carne de frango, também. Vai ver algumas são vegetais. E o vegetariano em sí, é humano ou vai se tornando vegetal, também? Até que eles fazem umas comidinhas gostosas, mas é pena que não usam picanha vegetal.

Pintura: Oil on Canvas by Moema Jonas Mobley

A Foice

Então a respiração se faz difícil, o coração ameaça parar, o suor é frio... Ainda é cedo! Mas foi desde cedo que a foice veio ceifando as ervas daninhas e, por falta de cuidado de quem a maneja, também foi ceifando as boas ervas. É assim desde o início dos tempos, não é?
A luz ilumina parcamente o ambiente e a música é um reflexo da existência de resto de alguma espécie de vida. Ouve-se a música, mas como se fosse esta a mescla das informações de um pesadêlo. Um resquício de algo bom misturado a um sentimento de pavor.
Dormir e acordar, sono e vigília... Já não há grande diferença entre um estado e outro. Vida e morte... Haverá diferença quando a vida não é vivida a contento?
Por que esperar coragem deste moribundo se na vida o que ele sempre presenciou foi a morte, o medo, o pavor, a partida, o fracasso, a inércia? O que este moribundo viu foi sempre a presença de outros tantos moribundos. Os ditos heróis, todos morreram. Não de overdose, como os de Cazuza. Morreram com a lâmina cortante dilacerando em dois o pescoço bom.
Crentes religiosos das mais diversas facções cercam o moribundo, e talvez por isso mesmo ele seja moribundo: sempre foi tratado assim. Acredita-se moribundo, o corpo obedece, parece que padece, parece que perece, mas não. É apenas mais um jogo de ilusão da vida... da morte... da sorte.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

O Segredo

A alteração de humor quase sempre tem a ver com a alteração e a falta de amor. Será? Não é uma afirmação minha, é algo pra pensar. Esse papo de "quem se ama..." parece a conversa mais ultrapassada que existe, e o problema é que quem fala isto normalmente o faz num sentido de "tudo vai dar certo, basta pensar positivo", bem ao estilo da charlatanice de "The Secret", que eu entrei pra assistir no cinema, pensando que era filme de suspense. Valha-me! Não soube de ninguém mais que tenha cometido o equívoco, pois todos pareciam já saber do tal "segredo" que eu desconhecia.

Acho que "o segredo" para muitos, hoje em dia, está em fugir de "fórmulas mágicas" como as do dito livro e respectivo filme. Aqui o mea culpa: eu só vi o filme porque não sabia do que se tratava. No começo ainda achei que o cara falando ia ser interrompido e seria algo como um programa que alguém estava assistindo na TV e que iria aparecer quem era. Nada disso! Era eu assistindo e, pior, era cinema, não era TV! Joguem pedras, pois não conheço caso igual e estou contando para não ser o "Meu Segredo sobre O Segredo", se bem que daria um belo título de livro. Só me falta cara de pau pra escrever livros de auto-ajuda. Daria uma boa grana, se eu tivesse cara de pau. Eu iria ser colega de ABL do Paulo Coelho: ele mago, eu secreto. Demais, não?

Se alguém souber onde se vende cara de pau, do tipo que esses autores de livros de auto-ajuda usam pra estampar suas fotos nas orelhas dos livros, proferirem palestras públicas, aparecerem na televisão e posarem de "os bem sucedidos graças às próprias teorias", me digam. Quero comprar uma cara de pau! Mas, por favor, fica entre nós, é um Segredo.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Mercado Marcado

Vivemos em uma sociedade em que as licitações públicas, via de regra, não passam de um "jogo de cena" medianamente bem armado. O que ocorre é que as pessoas, incluindo nós, financiadores de todas as obras públicas (e algumas privadas, por meio de desvios de verba que ocorrem), não somos suficientemente bem informados a respeito de como ocorrem as licitações públicas. São raras, quase inexistentes mesmo, as licitações públicas onde o vencedor oferece o melhor trabalho pelo melhor preço. Normalmente o vencedor da licitação é um "carta marcada" que fornece a maior propina à pessoa ou grupo mais influente.
Em teoria uma licitação coloca em jogo a busca de uma empresa ou prestadora de serviço tecnicamente qualificada para buscar o melhor preço para a execução de um determinado trabalho. Na prática a qualidade vai para menos e o preço vai para mais. O valor real da obra é uma parcela do total, sendo o restante dividido entre os criminosos travestidos de autoridades e pessoas sérias. Do presidente da república aos assessores de vereadores dos menores municípios do país e passando pelas empreiteiras, o roubo por meio de licitações públicas "legais" é hábito corriqueiro, sabido por muitos, inclusive pela imprensa, mas mantido "em off" na maior parte do tempo.
Quando algum escândalo surge a respeito de alguma obra pública, é noticiado em tom de suposto horror, como se não se soubesse que é assim na esmagadora maioria dos serviços públicos, especialmente os de maior monta. Quanto maior o valor envolvido, maior a probabilidade ou certeza de que os processos envolvidos são cuidadosamente fraudulentos e beneficiam políticos, apadrinhados, financiadores de campanhas etc.
Alguma vez se viu uma investigação sobre enriquecimento ilícito de algum governante, parlamentar ou de alguém do judiciário ser levado a cabo até as conseqüências finais? Tomemos por exemplo o caso de famoso político paulista (PSM são suas iniciais). Há provas e mais provas, e o homem continua a ser votado, continua impune e continua negando até o inegável: que assinaturas dele de contas bilionárias no exterior são dele.
Vamos agora a algo também "normal" em nosso meio. Tenho plano de saúde Unimed e em 2002 tive que me submeter a uma cirurgia para a retirada da vesícula biliar. Meu plano não cobre quartos, então logo ao chegar ao hospital, enquanto assinava os papéis de entrada, me informei quanto eu teria que pagar para, ao invés de ficar na enfermaria (que é o que o meu plano cobre), ficar num quarto. O funcionário administrativo do hospital foi verificar e voltou me dizendo que o valor era de R$ 98,00/dia e assinei um termo de aceite. Muito bem, feito isto, fui para o quarto. Quando já estava pronto para ser conduzido para o centro cirúrgico, entra uma enfermeira, a mando do cirurgião (pessoa conceituada e "séria") com um papel na mão onde se declarava que o valor que eu deveria pagar a mais era outro. De R$ 98,00 passou para R$ 1.110,00. A alegação era se minha opção era ir para o quarto, também pagaria complemento a toda a equipe. Por que? Eles cuidam do quarto? A cirurgia seria diferente? Não! É apenas a malandragem de se aproveitar de uma situação "favorável" a eles. Cobram mais porque eu quero ficar no quarto, e só. O hospital dá cobertura, claro, embora já tivesse me passado o valor inicial bem diferente. Naquela situação e naquele momento NINGUÉM está apto a questionar, já que era uma cirurgia de emergência. Fui extorquido por uma equipe médica "séria" e ao tentar questionar não fui levado a sério. Agem como coisa corriqueira (e é mesmo!) e mal te olham no rosto. Ao interrogar na Unimed, depois da cirurgia, me disseram que o procedimento era ilegal e que se eu quisesse poderia fazer denúncia. Ao consultar advogados a instrução foi de "deixar quieto", pois eu teria muita dor de cabeça e provavelmente nenhum resultado. Era palavra contra palavra. Recibo? Não deram nenhum desse "extra", nem insistindo por semanas.
Ainda no hospital uma prima que foi me visitar, também médica, vendo minha indignação em relação ao ocorrido me disse que "o valor era cobrado porque quando se está num quarto você tem mais atenção do médico". De bate-pronto perguntei: "Tenho mais atenção ou tenho a atenção que TODO E QUALQUER CLIENTE DEVE TER, independentemente do tipo de plano e do quanto está pagando? Ela deu um risinho misto de sem graça e de quem pensa "Tadinho, olha o que ele está contestando!" e nada respondeu.
Estas máfias camufladas atuam em nosso país e não temos muito o que fazer com elas. Podemos protestar, mas ações individuais surtiriam pouquíssimo efeito (ou nenhum). O necessário seria uma ação coletiva. Seria necessário não de chamar de honesto um médico que compactua com este tipo de prática. Seria chamar de desonestos nossos administradores, nossos políticos, nossos magistrados etc. Todos? Não, mas a aterradora maioria, infelizmente.
Resta uma pergunta: que respaldo teríamos? Quem nos julgaria não seria também pertencente a uma dessas máfias legalizadas? Eu corro o risco apenas pela publicação desta matéria, embora haja o direito de livre expressão. Pelo menos tomei o cuidado de não citar nomes. Façam o mesmo. Cuidado, a máfia mata!

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Ameaça Divina

"Você acredita em Deus?", perguntam-nos com frequência. "Você aceita Jesus Cristo como seu salvador?", perguntam-nos os mesmos ou até adeptos de outros messias. Pensemos...
Já repararam que há, implícita nestas perguntas, uma ameaça? Não, não se espantem. Há, sim, uma ameaça implícita neste tipo de pergunta ou até na "inocente" e corriqueira "Qual sua religião?". Qual a ameaça? A ameaça do abandono (por auto escolha do dito livre arbítrio) do reino de deus. E aqui, propositalmente, escrevo deus com inicial minúscula.
A religião, ao longo dos anos, e em especial após a Idade Média, tornou-se meio de intimidação, de ameaça, de advertência. É como se, para quem o diz em termos amigáveis, dissesse "Olha lá!". Não salvação, inferno, uma eternidade de sofrimento, é o que está embutido nestas "inocentes" e "bem intencionadas" perguntas.
Se você não acredita em deus (o Deus maiúsculo ou o deus mais amplo de budistas, esotéricos e outros mais), se você não aceita Jesus como seu Senhor e salvador, se você não tem religião, bom sujeito não é. Se não gosta de samba, então, inferno imediato.
De samba eu gosto, mas não tenho religião e muitas vezes duvido fortemente da existência de deus, de Jesus, de alguma entidade "suprema". Sim, duvido, e duvido sem medo. Tanto medo já me foi imputado "em nome de deus" que minha paciência se esgotou e, com ela, com o tempo, também minha capacidade de pensar e analisar deus se ampliou.
Há, sim, muitas coisas que não compreendemos. Há, sim, muito mais coisas entre o céu e a terra do que pode supor nossa vã filosofia, como já nos advertiu William.
E se há um deus onipotente, onipresente e onisciente, ele será tão vingativo quanto pregam os livros sagrados, sejam quais forem? "Ou crê em mim e a mim se rende, ou não lhe será dado o reino dos céus". A ameaça persegue cristãos e até não cristãos, pois ainda que não sejamos cristãos por opção, o somos por cultura.
Deus me livre de deus, que é tão vingativo, birrento, melindroso e infantil. Deus que me livre de deus que cria e destrói, que diz que ama mas odeia, que joga tantas pragas. Deus me livre, Jesus me perdoe. Se não for pro céu, mandem-me para algum lugar onde encontre pessoas com maior bom senso ou simplesmente façam-me deixar de existir, com sua bondade "divina".
Deixar de existir seria o ato de maior misericórdia de deus, de qualquer um deles. A não existência é a felicidade máxima, e não a vida eterna num meio tão policiado.
O céu descrito pelos crentes, sejam quais forem, me parece mais com um campo de concentração nazista e deus com Hitler. Deus me livre!
Fiquem na paz, maus irmãos de pouca fé. Não estão sós, embora tenham pouca companhia.

domingo, 11 de outubro de 2009

Outubro

Outubro é mês natal, do meu natal. E natal é pepoca de reflexão, de pôr na balança o que consideramos, dentro do que conquistamos ou não, do que fizemos ou não, bom ou mau. Outubro mexe com minha mente e me coloca sempre numa posição que me faz lembrar, mais do que gostaria, mas absolutamente dentro do esperado, do tempo e, pior, do tempo perdido, e aqui minha reverência a Marcel Proust e seu "À la recherche du temps perdu" (Em Busca do Tempo Perdido).
Ah, "choro" muito, lamento muito meus tempos perdidos, em especial em outubro, que ás vezes me parece como que meu outono pessoal, seguido de um renascer de folhas verdes. Encaro mais fortemente os fantasmas em outubro e os meus venenos de escorpião se fazem mais visíveis (e ativos). Outubro é mês de me parabenizarem, e sempre me questiono se é de se parabenizar. Este questionamento é fruto de uma visão ácida da vida, que tenho, não nego, mas luto com ela.
Parabenizo-me no mesmo dia em que minha cidade natal, com uma diferença de 33 anos de idade. De nada a nada, ao menos é um feriado, a cidade fica quieta e eu, também, me aquieto em minha toca de escorpião, pensando no tempo a ganhar e usar. Haverá mesmo algum tempo que seja perdido a ser buscado? Talvez não. Tudo é bagagem e o lamento só traz mais perda. Sorry.

Cultura

Desde que me entendo por gente, a cultura fez parte importante e fundamental na minha vida, na minha formação e, claro, nas minhas atividades prediletas. Cresci envolto por livros de filosofia, romances de escritores diversos e tantos outros. Havia (ainda a tenho) uma belíssima coleção de LPs de música clássica, jazz e MPB sempre a tocar em bom som na radiola Philips da sala. Meus pais sempre nos deixaram rodeados de tudo e nada forçaram, então o gosto se manifestou naturalmente, os dons foram colaborados pelo "entorno cultural" e se manivestaram a seu tempo: escrita, música, fala, compreensão da psique (que eu insistentemente pronuncio |psiquê|, não adianta que protestem) e questionamentos religiosos constantes e profundos. Mais que tudo, questionamentos da verdade das crenças, nas mentiras tidas como verdades, nas verdades tidas com mentiras e na carência humana tão latente e tão em busca de um deus e um demônio a quem buscar socorro ou culpar, nem sempre com a respectividade esperada e insinuada aqui no texto.
Então, para mim, estar num meio culto, mas que não faça "culto à cultura" e que a tenha por prazer, por curiosidade e por oportunidade, sempre foram coisas importantes. Sempre odiei os ditos "meios cultos" onde os conhecimentos são, antes de mais nada, e principalmente, meios de autoafirmação. Gosto de estar com amigos e em boa companhia e deliciar a música, comentar os detalhes sonoros, visuais; gosto do teatro e da interpretação, gosto de admirar os instrumentos musicais e suas nuances e aplicações nos mais variados gêneros e sub-gêneros. Ouvir uma música com alguém que reparou naquele "imperceptível" prato agudo, vindo lá do fundo, e troca um olhar de cumplicidade, descoberta e admiração, é delicioso. A falta disso me faz falta. A música, a literatura, o teatro, a psicanálise, a pintura, as artes, de forma geral, são o que são por si só, mas elas jamais alcançam sua plenitude sem o compartilhamento, sem uma cumplicidade de gostos. Isto é válido para grupos, isto é válido para relacionamentos a dois, enfim, isto é válido na vida de quem tem "dependência cultural". Respirar sem ouvir música, sem perceber suas nuances mais sutis, sem analisar a atuação de um ator, sem perceber as diferenças minúsculas ou não de tonalidades de uma foto ou de uma pintura, faz tudo parecer mais vazio. A arte, se existe deus, é sua manifestação. Como agnóstico que sou, questiono tudo, mas dou graças a deus por isto também.
Viva, então, a música, a literatura, a poesia, o teatro, a dança, a pintura, a fotografia e todas as formas de arte possíveis e imagináveis, feitas com afinco, com carinho, com dedicação e pureza de sentimentos. E viva o compartilhamento de impressões artísticas. Sou um dependente deste compartilhamento!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Super Homem

E ao tentar alçar seu vôo que imaginou que seria o mais alto, o mais pleno, o mais heróico, o Super Homem caiu, falhou, se descobriu, mais ainda, simplesmente homem, falho, impotente, fraco.
Já no solo, ainda com o corpo doído, a mente confusa, levantou-se trôpego, manco, dirigiu-se para diante de um espelho e se viu nada super e totalmente humano, imperfeito como todo humano. Envergonhou-se de suas fraquezas e da idéia, anterior, de que era mesmo capaz de brincar de Super Homem.
A capa enroscou, a tanga (ridícula) apertou, o vôo foi um salto irrisório e patético e nem se podia sentir como um resquício de Clark Kent. Nada disso. Um homem medíocre comum, sem nada de mais e com os defeitos que tanto queria não ter, mas tem.
Um homenzinho, aparentemente grande, talvez com idéias de grandeza, mas pequeno, de alma podre, de fraquezas que parecem tão insuperáveis.
Incapaz de salvar a si mesmo, incapaz do próprio vôo, tentou voar levando sua Lois Lane. Pobre dela, que precisava de um herói, desabou mais ainda. Mas ela, ao contrário dele, não se pensava super, mas tão apenas mulher, então se recuperará do tombo com mais facilidade. Ele, sem o super, pequeno homem, imperfeito, falho e fraco, fica cabisbaixo. Agora tem medo até de levantar e andar... de dar um simples passo sem se apoiar.
O Super Homem não existe em parte alguma, mas este delírio acompanha tantos. E dói se descobrir tão reles, tão fraco, tão homem.
Nada de vôos. Um passo adiante já seria uma conquista e tanto. Chegar à calçada, do lado de fora da casa ou em direção à própria casa, já seria muito bom.
O Super Homem morreu... todos morrem!