segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Desordem Instaurada

Parabéns a todos os participantes desta desordem, pois ela já está instaurada, em ritmo e intensidade de caos. Choros vêm da sala, da cozinha, dos quartos e ecoam por todos os demais cômodos. É preciso parabenizar o criador de tanto caos, que impera por toda parte. Aliás, onde ele não está no que foi criado?
Ah, religiosos, clemem ao seu criador em orações desesperadas onde tentam se convencer de uma perfeição que não existe e nunca existiu. Agarrem-se aos seus livros sagrados, afirmem a perfeição divina na qual não crêem, mas na qual precisam crer. Avante com este sistema hipócrita e ilusionista de crenças e religiões.
Pobres dos que crêem, pobres dos que não crêem, pobres seres infernais divinos, mundo pobre repleto de riquezas.
Levantemos Bíblias, Alcorões, Torás e todos os livros sacramentados pela carência de amparo humana e, claro, divina. Deus está só, por isto criou o demônio. Demos graças ao senhor... Ele precisava de companhia e, agora, deixa este solto, como quem deixa solto seu filho e o admira, como a uma criança que não sabe o que faz e pretica maldades "ingenuamente". Viva! Aleluia! Vivamos nesta paz caótica...
Amém.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Ditados Malditados

Ás vezes me sinto tão cru! Não sei o que é melhor, se isto ou estar com a batata assando. Os dizeres populares traduzem tão mal a intenção na literalidade das palavras. Afinal, batata assada é algo gostoso. Sentir-se cru, é ótimo. Quem quer ser cozido, assado ou frito? Já estar frito é uma boa expressão e uma péssima realidade. Entrar pelo cano, também não deve ser bom, nem literal nem metaforicamente. Tirar o cavalinho da chuva, também é bom, pois evita que ele pegue um resfriado e não nos sirva depois, além do gesto altruísta com o eqüino. Colocar as barbas de molho... não sei, pois nunca usei barba. Talvez seja bom no calor, mas, ah, no calor é bom se colocar todo de molho numa água fresca, não só uma parte do corpo. Estar com uma pulga atrás da orelha, deve ser ruim, mas deve atrapalhar a pensar e refletir, e é tudo que quem está se sentindo assim faz: refletir, pensar, fazer conjecturas. Colocar o carro na frente dos bois, realmente não é bom, a não ser que se queira descansar, pois os bois param e o carro de boi para com aquele barulho irritante das rodas. Bater as botas, ninguém quer, a não ser que seja pra tirar lama que esteja grudada. E o que isto de bater as botas tem a ver com morrer? Nada. Quem bate as botas está é bem vivo e limpando as já referidas. Cair o queixo, expressão perfeita. Uma mulher bonita passa e a boca se abre pelo relaxamento instantâneo do maxilar inferior. O queixo não cai, mas tem lógica. Correr atrás do prejuízo, é péssimo. A gente tem que correr é atrás do lucro e fugir do prejuízo. Tirar as minhocas da cabeça. Tai, foram elas que me levaram a produzir este texto tão enriquecedor. Se for tirá-las, tiro logo também os grilos, que de nada me servem, e deixo a cachola livre pra desenvolver boas idéias. Depois uso as minhocas pra uma pescaria, mando os grilos pra algum chinês, que os comerá em espetinhos, e escrevo mais.

domingo, 30 de agosto de 2009

Lata de Tinta

Peso... o peso da sombra, o peso de uma presença no inconsciente, o peso de uma morte, a sombra de um fantasma. A paralisia, a anacronia, a ironia, o medo, o terror, a irritação.
O azul do céu, o verde predominante da vegetação mais as múltiplas cores da natureza, o canto colorido dos animais, a beleza do canto dos pássaros, a delícia de um vento fresco, o brilho de um raio de sol, a delícia de uma sinfonia de Mozart, Beethoven ou outros gênios, o encanto de um diálogo que flui, tudo transmutado em cor.
De repente, uma lata de tinta cinza verte sobre tudo isto e cobre tudo, seca e prolonga seu efeito por anos a fio. Tentativas de remoção são feitas com resultados, mas parciais. Ainda há a predominância do cinza a cobrir as cores, ocultas ou semi-ocultas. Vai-se removendo a tinta, vai-se cansando da espera, vai-se cansando da monocromia.
Dos céus, nuvens cinzas encobrem o olhar magnânimo, real ou imaginário, e encobrem, também, o azul do céu, os raios suaves do sol.
Cinza que predomina, dores que adormecem, sons que se calam... Vida, lata de tinta vertida pela vida. De quem é a lata? Quem tem um melhor solvente?

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A Galinha e a Análise

Ah, que idéia horripilante me parece hoje ter que ir à análise, me deitar no divã e, mais uma vez dentre incontáveis outras, abrir o mesmo baú, revirar as mesmas bujigangas, cutucar os mesmos fantasmas, espalhar novamente a poeira.
Hoje a idéia me parece péssima! Esta resistência deve ter seu porquê, e não é nenhum dos motivos citados acima. Resistimos muito àquilo que esbarra em nossas feridas mais profundas. Arranca cascas de machucados, toca a carne viva.
Vou à análise, lá me deitarei novamente e de lá voltarei novamente com alguma coisa tão insignificante que às vezes é impossível de ver. Sempre nos é dado um grão minúsculo, translúcido, difícil de carregar e guardar, mas são esses grãos minúsculos que nos enchem o papo, assim como o da galinha.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Tarde

Tarde, sono teimoso que não se deixa instalar. Pensamentos inquietos e improdutivos. Fantasmas latentes, vivos, a atormentar a alma.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Bolsa de Valores

Emoções que sobem e descem como uma bolsa de valores frenética e descontrolada, cheia de especulações, sujeiras claras ou camufladas, apostadores vorazes e/ou temerosos. Assim é a alma humana, por isso assim é a vida, por isso é assim a bolsa de valores. A vida, suas entidades, suas instituições, suas religiões, suas crenças, suas decisões obedecem à natureza humana. A podridão é inerente ao ser humano, por ser orgânico, por ser vivo, por ser carbono, principalmente. Com o homem, Deus também apodrece, Jesus também faz de seu sacrifício inóquo, sem valor, sem sentido, pois o homem carece de sentido e direção. Corre para cá e corre para lá. Quer ter certezas e às vezes as cria momentaneamente, até se dar conta de que não há certezas, de fato. Poder-se-ia dizer que "a única certeza de que temos é a morte", mas será isto verdade? Na melhor (ou pior?) das hipóteses, sabemos que vamos morrer, mas morrer significa o que? Morrer como? Morrer para o que? Já não somos um tanto mortos? Vamos, vocês que lêem, façam suas apostas nesta bolsa de valores, mas não me peçam garantia de investimentos.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Teste Empírico

O dia transcorreu como transcorre quase todo domingo: poucas atividades, uma boa dose de preguiça, boa companhia, algum azedume de outras companhias (não menos queridas), visitinhas esperadas, um filme em DVD, galinhada de domingo, pizza fria de sobra do sábado à noite, Coca-Cola, um friozinho raro aqui no Planalto Central, um pouco de música... Domingo, enfim.
A reflexão faz parte do domingo, pois faz parte da semana de segunda a sábado, e domingo não fica de fora, pois nunca estou de folga de pensar. Transformações, mutações, metamorfoses vêm ocorrendo, ainda que possam parecer pequenas ou lentas aos que olham de fora. Não são, e só eu sei. É o que mais importa, também sei.
Meu mundo se cerca de música e cores. Música que ouço e procuro produzir; cores que eu admiriro e procuro fotografar e também letras, palavras, parágrafos, capítulos, livros, estantes cheias e o falar.
O coração tem pulsado bem, no ritmo dos melhores bateristas do mundo. Taí a música de novo, ritmada, felizmente. A mente, que não mente, só omite, vai relativamente bem. Hipócrita aquele que disser, com segurança absoluta sobre sua mente, que sua mente não mente e que está cem por cento. Nunca! Nossa mente pode estar, no máximo, sob controle. Cem por cento é coisa de idealismo utópico que nem eu, teoricamente exato, aceito.
O domingo já se foi, passa da meia noite e já é segunda. O sono já pega as pálpebras e puxa para baixo, a vontade já me pega pelo braço esquerdo e me puxa para a cama com carinho. Durmo ouvindo música.
O repertório de hoje é interessante: Nando Reis, Paul McCartney e Queen + Paul Rodgers. Tocam três CDs e eu já estou em outros mundos mentais, sonhando, viajando ou, talvez, me encontrando mais.
Arrivederci a tuti voi, amici!

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Tristeza Neurológica (ilógica) de um Psiquiatra

Na sala de espera de uma clínica de uma otorrinolaringologista e um fonoaudiólogo, especializados em deficiências auditivas e distúrbios de equilíbrio, acompanhava duas pessoas e, como elas, aguardava.
Do nada aquele senhor de boa aparência e aparentando ter seus cinquenta e poucos anos começou a falar de si mesmo para todos naquela sala de espera. Uma espécie de choque parece ter tomado conta das pessoas, pois somos todos tão despreparados para lidar com o diferente e o inesperado. Ele falava com todos, como se quisesse prestar um testemunho. Pra ele eram todos estranhos, e não faria a menor diferença se houvesse ali algum conhecido, pois ele não saberia.
Relatou que seu cérebro havia sofrido uma atrofia na área da memória e que agora não se lembrava de mais nada, praticamente, a não ser da mãe e parentes próximos. O problema foi percebido em 20005, ou seja, há aproximadamente 4 anos. Era (é?) psiquiatra, mas não reconhece sequer seus colegas de clínica médica. Irônica a vida! Ele relata, mas ninguém se manifesta; parecem temerosos, como se ele fosse louco.
Presto mais atenção, aceno com a cabeça, ele parece se sentir acolhido (ou será impressão minha?), mas de qualquer forma fui o único a dar retorno, a conversar, a indagar, a tratá-lo como gente, como ser humano, e não como um louco. Quem é louco, afinal?
Ele desaprendeu tudo, até mesmo a ler. O acomete o que, no meio de saúde, se chama de afasia, ou talvez seja esquecimento total. Afasia é não ligar o nome de algo ao objeto: por exemplo, não ligar que cadeira é a palavra que designa o objeto no qual está sentado.
Perguntei a ele sobre a infância, ele demonstrava necessidade de conversar, e ele, ouvindo mal (era por isto que estava ali), solicitou ajuda à mãe, uma simpática senhora que deve estar com seus setenta e alguns anos. Ela lhe repetiu "Infância" e ele retrucou "Infância? O que é isso?". Ele não só não se lembra da sua infância (a mãe lhe explicou, em vão), como tampouco se lembra do que significa o termo infância, criança etc.
Fiquei ali, dando atenção, que era o que ele carecia naquele momento, e ouvindo intrigado. Intrigado com essas tantas interrogações que a vida nos coloca na frente. A vida é cheia de interrogações que tentamos, às vezes, buscar responder com a fé, com Deus ou atacando Deus, tanto faz. A busca é humana, seja com fé ou com o "negativo" da fé. O negativo da foto não é também a foto? Isto pra quem se lembra dos tempos do negativo.
Aquele homem era um psiquiatra casado e, ao que parece, bem sucedido até 2005. Agora é um homem sem profissão, quase sem identidade, com necessidade de falar de si, de seu distúrbio raro, sobre o qual a medicina, que ele próprio praticava, nada sabe dizer e nem resolver. A ciência dele de nada serviu pra salvá-lo, independentemente de quantos ele tenha ajudado. Irônico momento da vida, cheia de ironias.
A ironia humana tem por objetivo ou agredir ou fazer pensar, atiçar a mente. E a ironia da vida? Poderíamos pensar o mesmo dela? Levaria a que?
Fiquei pensando se ele, o ex-psiquiatra, sofre. Talvez não, já que não tem memória. Mas fiquei em dúvida, pois vi nele uma enorme necessidade de se explicar, de falar de si. Isto é normal a todos os seres humanos.
Acompanhei a consulta rápida de uma tia, voltei em menos de 5 minutos à sala de espera, me despedi dele, e ele já nem sabia quem eu era ou que havia conversado comigo.
O que são esses desafios que a vida nos impõe, afinal? Haverá alguma explicação lógica ou algum sentido nisso, ou teremos que aceitar a falta de lógica da vida? Não sei! Penso, uso minha memória e vou adicionando fatos, dados, ficando intrigado, às vezes revoltado, às vezes comovido, às vezes irado. Mas seja como for, minha reação de nada importa. A vida é como é, gritemos o quanto quisermos.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Noite

A noite chega, o sono também, mas bate à porta aquela coisa incômoda chamada de insônia. Nome incorreto, aliás, para definir tal estado, pois o sono cá está, mas a capacidade de relaxar e dormir é que deixa a desejar.
Ao invés de insônia, neste caso, sugeriria algum neologismo que minha criatividade sonolenta se recusa a ajudar a criar. Talvez "sônia prejudicada", e no caso, pela ansiedade. Sônia, o oposto da in-Sônia. E que as Sônias me perdoem.