quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Limpo

Fizeram uma lavagem, mas ao invés de limpar, somente, deixaram tudo completamente vazio, inerte, sem vida.

sábado, 3 de outubro de 2015

Vazio

Nesse vazio que me enche
Preencho de lembranças
O que outrora foi presente
E agora faz ausência

domingo, 6 de setembro de 2015

Chuva

Quase todo dia chove, chove muito, e mesmo na seca. Quase ninguém nota. Chove tanto e tão forte, quase todo dia, chove muito! Ninguém nota, quase.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Anfíbios

Mantinha-se na superfície por medo do mergulho. O corpo grande e belamente torneado não seria empecilho para ir e voltar, conhecer o profundo e respirar na superfície. Mas resistia, apesar da patente capacidade do mergulho. Somos anfíbios, afinal, mas muitos não se dão conta disso. Mamíferos? É um mero detalhe de nascença. Poderia aprofundar-se, descobrir e deixar-se descobrir raridade preciosa. Na superfície, pequenas marolas, turbulências falsas, aparências fúteis. No fundo, a riqueza real, a vida mesmo, a maior quantidade de seres profundos. Corre-se o risco dos afogados, sem dúvida, mas estes acabam por boiar. Resistia, ela, ainda assim. Nem a capacidade de reter o ar, nem o escafandro disponível a demoviam da superfície com facilidade. Ultimamente, no entanto, arriscava-se a enfiar a cara n’água pra olhar lá dentro.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Ânsias

Então quando as ânsias convergem
Na vontade de tocar o amor
Mas o grande não se quer tocado
Ou o tocador quer, mas se impede

Fica instaurado o conflito
Interno e externo, impedimento

E a mão busca o que o medo afasta
E o olhar só encara de olhos fechados
Dando ao tesão o limite do irreal
Dando à vida o status de estagnação

Um voo térreo, em solo
Um solo frágil, sem companhia

Bocas e lábios secos, sedentos
E água a jorrar longe da boca
Ânsias de busca e desencontro
E olhos cerrados em busca de visão

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

In natura

Das rosas o que primeiro cai são as pétalas. Os espinhos permanecem e até se fortalecem com a secura que advém. Será sinal de que é preciso defesa nesse mundo de poucas rosas?!!

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

O TAL

Fotografia: Ivan Bueno
Às vezes o amor emburra,
Às vezes emburrece.
Às vezes acalenta,
Às vezes enfurece.

O amor é aquilo que bate
Junto com o coração,
Sem sê-lo e sem selo
De qualidade ou de garantia.

Amor é um não sei quê
Que não é paixão, mas pode contê-la.
Perigoso é confundir-se com ela.
Mingua-se à morte.

Amor é uma busca,
Uma realização não simples.
É necessária,
Patética, bela, quase otária.

Às vezes o amor clareia,
Às vezes escurece.
Às vezes acalenta,
Às vezes enfurece, amor.

Quando o amor emburra,
Vai sem olhar pra trás.
Bate a porta e sai.
Quando emburra, emburrece.

Ai, amor, ama, amor.
Ama e não emburra,
Que de emburrar se destrói,
Mas isso é pedir demais, amor.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Nem-lá-nem-cá

Há de haver em tudo um balanço, um equilíbrio, um nem-lá-nem-cá, uma fuga do maniqueísmo avassalador tendencioso humano. Alegria extrema, é um passo pra idiotice. Tristeza extrema, é o caos já instaurado. Há quem hasteie bandeiras querendo transformar aquelas causas em gritos, quando os gritos nada têm a ver com as causas. Gritemos nossos gritos, de fato, encontremos nossos nem-lá-nem-cá... Estou tentando o meu.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

1/2

Ando por completo meio e tão meio que meu eu inteiro se acha metade!

domingo, 5 de julho de 2015

Till

Till you try
I cry for nothing
Till you do
I keep just looking,
Crying,
Sometimes smiling,
Sometimes falling.
Till you are so far
I’m aware now
Completely aware.
Inside myself...
It hurts, of course,
It’s part of life,
But also growing
With pleasure.
A real delighted life
All the time.
Till the time goes on
Till your life’s the same.


       Obs.:
       Escritos de guardanapo de 21 de janeiro de 1997.