Ainda se mesclam em minha memória e meu afeto o que foi
de bom, o que foi real, o que foi de ruim e o que foi de irreal. Ainda
perambulam lado a lado verdades e mentiras e meias verdades, que mentiras são,
como que fantasmas a atordoar minha mente. Ainda me faço amiúde a pergunta de
onde esteve o amor, de onde esteve a carência, de onde esteve o sexo e de onde
esteve o puro interesse social e financeiro. Quais foram, aparte de mim, os
personagens que foram meramente fictícios, se é que houve algum real, além de
mim. Se é que eu fui um personagem real ou se, como tantos homens no processo
cego de autoengano, me acomodei em me enganar e me aconchegar no colo da mãe no
corpo d’outra. O rumo me pede a direção, mas por enquanto tudo parece sem
sentido. Quero ficar só, mas não quero ficar só. Quero limpar a casa de todas
essas energias das quais está impregnada, nessa salada maldita de pretensas
crenças benditas. Quero limpar, colocar mais música, tirar os aromas antigos e
colocar novos. E quero, acima e antes de tudo, que seja tudo e todos permeados
por luz, leveza, paz e amor.
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