É insuportável não conseguir não me enxergar.
Enxergo-me em demasia, mergulho em mim demais: dói, corrói.
Não consigo mentir o que não sou,
Não consigo fingir o que não sou, o que não sei.
Torno-me presa fácil, alvo fácil, vida difícil de viver assim.
É insuportável me ver ao espelho e me saber
Sem enganos, com tanta crueza, sem sutileza, com tanta rigidez
De julgamento, de exigências, de clemências,
De auto-piedade, de maldade, de boba-bondade.
Torno-me alvo, presa, caça, de difícil deglutição pra mim e outros.
O espelho me mostra um homem que é menino,
Um homem que tem medos infantis, pueris, mas doídos como quê.
O espelho me mostra o tempo
Melhor que qualquer relógio ou ampulheta
E meu coração salienta mais e mais as batidas em vão, a falta de paixão.
O espelho mostra o monstro e o bom,
Mostra o que queria ser, no meu olhar, e o que não sou, na sobrancelha franzida.
Mostra-me um olhar desalentado
E uma esperança meio perdida, mas insistente, cambaleante.
O coração bate, os olhos choram, a boca ri e cala o grito.
Às vezes sou insuportável pra mim mesmo,
Às vezes acho que a culpa é do mundo, que não se olha no espelho,
Que não se reconhece; não se enxerga.
A futilidade alheia me fere, bem como a paranóia coletiva.
E o coração bate com medo, inseguro.
É insuportável não conseguir não me enxergar,
Olhar-me e enxergar-me tão podre, tão gente, tão vulnerável e pequeno.
É quase insuportável o existir, existindo mesmo.
Existir atrapalha a viver. É preciso fingir um pouco, ao menos.
Sou péssimo nisto. Acabo por atirar pedras... no espelho, até.
Escrito em: 10/02/2009 (23h33)
Enxergo-me em demasia, mergulho em mim demais: dói, corrói.
Não consigo mentir o que não sou,
Não consigo fingir o que não sou, o que não sei.
Torno-me presa fácil, alvo fácil, vida difícil de viver assim.
É insuportável me ver ao espelho e me saber
Sem enganos, com tanta crueza, sem sutileza, com tanta rigidez
De julgamento, de exigências, de clemências,
De auto-piedade, de maldade, de boba-bondade.
Torno-me alvo, presa, caça, de difícil deglutição pra mim e outros.
O espelho me mostra um homem que é menino,
Um homem que tem medos infantis, pueris, mas doídos como quê.
O espelho me mostra o tempo
Melhor que qualquer relógio ou ampulheta
E meu coração salienta mais e mais as batidas em vão, a falta de paixão.
O espelho mostra o monstro e o bom,
Mostra o que queria ser, no meu olhar, e o que não sou, na sobrancelha franzida.
Mostra-me um olhar desalentado
E uma esperança meio perdida, mas insistente, cambaleante.
O coração bate, os olhos choram, a boca ri e cala o grito.
Às vezes sou insuportável pra mim mesmo,
Às vezes acho que a culpa é do mundo, que não se olha no espelho,
Que não se reconhece; não se enxerga.
A futilidade alheia me fere, bem como a paranóia coletiva.
E o coração bate com medo, inseguro.
É insuportável não conseguir não me enxergar,
Olhar-me e enxergar-me tão podre, tão gente, tão vulnerável e pequeno.
É quase insuportável o existir, existindo mesmo.
Existir atrapalha a viver. É preciso fingir um pouco, ao menos.
Sou péssimo nisto. Acabo por atirar pedras... no espelho, até.
Escrito em: 10/02/2009 (23h33)
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