quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

A Pausa, o Silêncio

Não concebo uma sinfonia sem pausas,
Nem tampouco um solo de bateria sem paradas e viradas.
O equilíbrio está em balancear ação e pausa,
E não só na música ou no diálogo, mas na vida toda, em tudo.
Só não se pode ter a pausa total, o silêncio total.

A pausa na música, é música;
A pausa no diálogo, é diálogo;
O silêncio faz parte do diálogo, faz parte da música, é necessário.
Silêncio como parte, integra;
Silêncio como regra, desintegra, isola, destrói.

Os ouvidos são janelas abertas por onde entra vida naturalmente.
Os olhos são janelas que dominamos e deixamos a vida entrar quando queremos.
O que isola mais? Um ouvido fechado ou um olho fechado?
Pior de tudo é alma surda, espírito cego, bondade paralítica, o resto não é defeito,
É característica, é particularidade, é "capricho" desnecessário... De Deus?

Deu-se o tom, entoam o primeiro acorde os primeiros instrumentos,
E seguem em movimento inicial, e pausas, e silêncios da música e da platéia.
Até o silêncio desta, às vezes, é o aplauso mais veemente de estupefação!
Clap clap clap... surgem os ruidosos aplausos das mãos e os assovios,
Segue-se mais silêncio e mais som e mais ação e mais pausa.

Diálogo que não comporta silêncio é monólogo, ansiedade incontida.
Música que não comporta pausa é barulho desenfreado e falta de talento.
Temos dois ouvidos e uma boca, mas também dois olhos.
Devemos ouvir mais, observar mais, daí, então, falar com propriedade.
O silêncio e o som, a sabedoria da dosagem das notas, da harmonia...

A sabedoria do ouvir, do ver, do falar, enfim, do viver.
Viver em harmonia entre os movimentos do pêndulo que oscila pelos opostos
Passando sempre pelo ponto de equilíbrio.
Os extremos são necessários desde que o ponto de equilíbrio seja sempre tocado.
Psiu, silêncio: ouça bem o som quieto e manso desta linda madrugada.

Escrito em: 07/05/2009 (01:02h)

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