quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Loretha, my Love

Eu tenho uma amante chamada Loretha, que é linda, deliciosa de ser tocada, é grande, soa bem, sabe se expressar quando eu a toco, sabe corresponder, é quase a amente perfeita. Loretha é minha amada, idolatrada, salve salve bateria. Ela não é simplesmente uma bateria, ela é A Bateria. E se o B.B.King pode ter uma guitarra com nome de Lucille, eu posso ter uma bateria com o nome de Loretha. Aí estamos nós em ação em um show na antiga Kashmir, com minha antiga banda.

Ah, quantos momentos de prazer já tive e tenho com a Loretha. Devo confessar que é uma relação meio sado-masoquista: sádica da minha parte, masoquista da parte dela... É lindo! Eu bato, ela reage positivamente, aí eu entro em delírio. É um amor que perdura desde 1996, quando ela entrou na minha vida. Já foi ouvida nas rádios por aqui. É a relação não sexal mais bem sucedida que já ouvi dizer por essas bandas... Talvez exatamente por não ser sexual. A cumplicidade é enorme. Tive outras antes dela, mas nenhuma das anteriores era tão fenomenal, embora renda aqui minha homenagem a elas (foram duas), pois foi nelas que aprimorei o toque. Não saberia fazer a Loretha soar tão orgasticamente não fossem as anteriores. Ainda assim, as anteriores são, simplesmente, as anteriores e a Loretha é a Loretha, amada Loretha.

Loretha é meu refúgio em momentos de ansiedade, mas também é meu refúgio em momentos de alegria e não há momento em que eu olhe pra ela e não me dê vontade de tocar. O único problema de uma bateria de verdade (pois bateria eletrônica não é bateria de verdade) é não ter volume, e os seres humanos, de forma geral, não tem a sabedoria e o tino musical para compreender o som de uma bateria.

Comecei tocando Beatles com vizinhos quando tinha 17 anos. Tocávamos só Beatles e só depois de muito tempo é que começamos a agregar novos repertórios do rock, da MPB, do jazz.

Meus refúgios prediletos são a música, a escrita e a fotografia. Preciso desses refúgios, sobrevivo graças a eles, respiro melhor, atenuo a angústia quase que inerente ao existir, ao menos ao meu. Nada como me sentar diante da Loretha, empunhar as baquetas e começar a tocar "sem rumo", terminando em um solo enfurecidamente controlado e ritmico. Não sei se mais alguém gosta, mas eu adoro!

She loves me, yeah yeah yeah... She loves me, yeah yeah yeah... She loves me, yeah yeah yeah yeaaahhhh...

4 comentários:

  1. Ivan, que linda é a Loretha! E pelo que dá pra ver da sua expressão (o ponto branco em meio a ela..rs), essa relação é mesmo prazerosa.

    beijo

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  2. Não é lindona, Andrea? E a relação é puro prazer. (rs...)
    Beijo grande.

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  3. "Eu tenho uma amante chamada Loretha, que é linda, deliciosa de ser tocada, é grande, soa bem, sabe se expressar quando eu a toco, sabe corresponder, é quase a amente perfeita."

    Que linda relação, Ivan! É tão difícil conseguir alguém que responda ao nosso carinho e dedicação da forma que a Loretha corresponde ao seu. Só discordo quando você a descreve como uma "amante quase perfeita". Amante é aquele que ama e diante do amor exposto aqui e pela performance de vocês juntos (que pude presenciar em seu quarto [oui, j'ai été une "voyeur"])vocês são sim amantes perfeitos.

    Beijos em ti e nela. ;)

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  4. Luana, atenha-se à ironia e, em especial, à palavra QUASE. (rs...)

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