Ela andava à minha frente em meio à multidão, interrompeu brevemente o passo, olhou para trás, fixou seus olhos nos meus de forma desconcertante e voltou a andar como quem não anda só, como quem me convidara para o encontro. Caminhei, pois, se não ao encontro, ao encalço... E olhávamos vitrines, roupas e perfumes num delicioso jogo de sedução. A aproximação deu-se naturalmente, aos poucos. O coração acelerou-se, as mãos esfriaram, o rosto deve ter ficado vermelho, mas ali, diante da loja de perfures, nos olhamos e, adultos, nos cumprimentamos como dois adolescentes enrubescidos e sorridentes.
Qual seu perfume predileto?, perguntei, e a conversa evoluiu tão rapidamente que voou. Tim tim, e já nos havíamos proposto um vinho, um brinde a nós, já devidamente nomeados, já devidamente introduzidos aos respectivos mundos: mini-currículos, listas de músicas prediletas, estilos, livros e filmes favoritos e o recitar de um verso de "João e Maria" saiu como consequência do meu cavalo que falava inglês. Saiu natural como enfrentar os batalhões, os alemães e seus canhões... e falávamos de rock e de Chico e de Tom. As mãos já se tocavam, as taças já não tinham dono e as bocas se fundiam e se confundiam num beijo quente. O resto, então, era só consequência inevitável do querer, de afinidades, do estar livre e querer amar. Onde estamos nós?
Escrito em:
01/12/2009 (23:47h)
Escrito em:
01/12/2009 (23:47h)
Essas histórias q me alimentam. Coisa de quem não dorme.
ResponderExcluirE eu imagino, imagino, imagino rosto, roupa e falas.
Tudo isso!
Me imagino na historia, invento outra...
Invente outra, então, e poste no seu blog que quero ler. Vá lá, escreva sua nova história inventada.
ResponderExcluirEspero que a dengue já esteja a uma distância confortável e a disposição da escrita (e do resto todo) já esteja boa.
Obrigada!!!
ResponderExcluirAtravés do seu texto me lembrei de como sempre fui apaixonada pelo Chico Buarque...
Ultimamente ele me acompanha durante meu dia..
João e Maria
Chico Buarque
Composição: Chico Buarque/ Sivuca
Agora eu era o herói
E o meu cavalo só falava inglês
A noiva do cowboy
Era você além das outras três
Eu enfrentava os batalhões
Os alemães e seus canhões
Guardava o meu bodoque
E ensaiava o rock para as matinês
Agora eu era o rei
Era o bedel e era também juiz
E pela minha lei
A gente era obrigado a ser feliz
E você era a princesa que eu fiz coroar
E era tão linda de se admirar
Que andava nua pelo meu país
Não, não fuja não
Finja que agora eu era o seu brinquedo
Eu era o seu pião
O seu bicho preferido
Vem, me dê a mão
A gente agora já não tinha medo
No tempo da maldade acho que a gente nem tinha nascido
Agora era fatal
Que o faz-de-conta terminasse assim
Pra lá deste quintal
Era uma noite que não tem mais fim
Pois você sumiu no mundo sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim?
Salve salve mestre Chico Buarque, referência pra tantos. Para mim, o maior nome e a melhor obra da MPB.
ResponderExcluirDiscutível? Sim, diante de Tom Jobim, em especial, mas também outros. Mas pra mim Chico é Chico.