quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Subjetividades do Nariz... (ou da lingua?)

- Não gosto do gosto da tua lingua.
- Que isso?! Por que?
- Não sei, não gosto, e nem dos movimentos.
- Como assim?
- São desordenados, desconexos. Parece-me uma lingua em ataque epiléptico.
- Que absurdo! Por que sais comigo?
- Algo me agrada.
- Não o beijo?
- Não, nem o gosto da lingua.
- Do que gostas?
- Teu cabelo, teus seios, tua pele, os pelinhos dourados, a inteligência...
- Não gosto de jiló!
- O que tem a ver?
- Disseste que não gostas do gosto da minha lingua... É como jiló?
- Não, é gosto único, teu.
- Tão ruim?
- Não!
- Quero-te!
- Talvez te queira, mas ainda não sei.
- Depende da lingua mudar de gosto?
- Não, lingua não muda de gosto. O que muda, às vezes, com costume, é o paladar. Por hora está tudo com o gosto estranho.

6 comentários:

  1. Ninguém é perfeito
    Até que nos apaixonemos por esse alguém...

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  2. Alguém já disse por ai que um beijo é construído por duas bocas, dois lábios, duas línguas em uma mesma sintonia, em uma mesma alquimia, num mesmo instante chamado desejo. Não pode ser bom para um e ruim para o outro. Ou é bom ou não é! E concordo com a Aline: a imperfeição inexiste quando a paixão bate à porta! E tenho dito!

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  3. Aline,
    Ninguém é perfeito, ainda que nos apaixonemos por este alguém. Podemos até, voluntariamente (e semi-inconscientes) nos cegar na paixão e criar uma aura de "perfeição", uma ilusão conveniente. E se faz muito disso vida afora, não se faz?

    Kênia,
    E beijo é mesmo feito por duas pessoas, senão não é beijo. Se fosse possível por um só, os espelhos viveriam lambidos, e não é assim que ocorre.

    O contexto do texto é enfatizar a subjetividade das coisas, mesmo. Dos momentos que vivemos, das situações pelas quais passamos ou sabemos poder passar, por ser inevitável, às vezes. O texto é pra incitar a reflexão. To vendo que funcionou.

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  4. Ivan,
    O que é perfeição?? Não creio que se quer exista... a não ser pela natureza e coisas que não poderíamos mensurar dessa forma..
    A perfeição que aqui quero colocar é outra mais complexa, e mais apaixonada...Não acredito sinceramente em amores eternos e puros, até porque o amor não poderia ser chato, posto que é chama...rsrsrss...
    Mas é certo que qdo nos apaixonamos encontramos no outro imperfeiçoes perfeitas e defeitos que se encaixam bem em nossa vida, defeitos que muitas vezes acabam nos cativanmdo e nos comovendo trazendo o melhor de nós e do ser amado...
    O amor não é cego, mas é generoso, companheiro e por vezes tampa os olhos... Seja acertando a frequencia das delícias de um beijo ou experimentando novos sabores que antes lhe pareciam tão estranhos...

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  5. Hum.. Sobre a outra questão levantada pela Kênia, acredito que apesar de um beijo ser mesmo feito por duas pessoas, nem sempre, e ouso até dizer que quase nunca, esse beijo possa ser sentido da mesma forma.
    Por que dificilmente estamos na mesma frequencia da outra pessoa e a isso soma-se uma carga enorme de carencias, frustções e espectativas, por vezes um beijo é só um beijo por outras se torna um universo mesmo que só na imaginação de um dos envolvidos...Afinal como diria Caetano, cada um carrega a dor e a beleza de ser o que é...
    O lado bom de tudo isso e continuar misturando as dores e tentando acertar as belezas... e vamos sair beijando .... eu adoroooooooo!!!rsrsrsss...
    BEIJOS MILLLLLLLLLL!!!

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  6. Aline,

    Perfeição não existe, mesmo, mas a cegueira à qual os seres humanos, voluntariamente (ainda que não o saibam ou o admitam), se submetem leva à crença de uma "perfeição". E note que tomei o cuidado de usar áspas sempre na palavra.

    Perfeição é um conceito que, ao que me ocorre, é frequente nos conceitos religiosos e das divindades ("perfeitas", ainda que os próprios textos sagrados o desmintam nas entrelinhas) e nos contos de fadas.

    Também não acredito em amores eternos. Eterno é como dizer para sempre ou nunca mais, e isso igualmenge não existe.

    O amor não é cego, a paixão é e se ainda enxerga, não é por completo paixão. Será? Eu mesmo me questiono.

    O amor é mais maduro, nos faz seguir caminhos mais racionais, sem "desligar" o coração. Nos tornamos mais condescendentes, e não cegos.
    O beijo está sempre pesente. Também adoro!

    Quanto à subjetividade do beijo, das sensações, é verdade. Ainda que feito por dois, não necessariamente é sentido da mesma forma pelos dois que se beijam. E dá-lhe pano pra manga.

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