Preste mais atenção ao seu olhar,
mais que ao olhado.
Acho que é por ai a solução.
A gente olha e idealiza,
e cria expectativas,
ainda quando tenta se tolher.
Criar expectativas é criação das antigas,
de pouco depois
da expulsão do paraíso por deus.
Era a expectativa de que deus, justo,
chamaria de volta,
a expectativa de que a terra a arar
fosse sempre próspera,
o gado sempre gordo,
a pessoa amada sempre perfeita.
Daí a gente vai construindo
castelos de areia,
constrói junto a esperança
de um castelo inabalável,
mas a onda vem,
o castelo vai,
se não ao todo, em partes.
E quando a gente olha,
a gente vê o que olha, sim,
mas vê sempre através da lente
dos nossos olhos,
da lente dos nossos sentimentos.
Coração é óculos...
coração de ósculos,
carente de amplexos.
É bom prestar atenção ao seu olhar,
falo por mim, em especial,
mais que ao olhado.
O olho engana, mancomunado com a história
que a gente carrega,
associado com o passado recente
e o passado passado,
que não passou merda nenhuma.
Ficou, como lembrança, como trauma,
como marca feita a brasa,
com cicatriz de quem sobrevive,
mas a cicatriz é visível.
Preste, sim, atenção ao olhado,
mas lembre-se do engano que te faz passar
as lentes que te envolvem,
sempre te envolvem,
sempre nos envolvem
e muitas vezes distorcem.
Cuidado com as miragens.
Idealizar é criar miragens,
é tentar paragens onde não se para,
ou seguir onde se deveria parar.
mais que ao olhado.
Acho que é por ai a solução.
A gente olha e idealiza,
e cria expectativas,
ainda quando tenta se tolher.
Criar expectativas é criação das antigas,
de pouco depois
da expulsão do paraíso por deus.
Era a expectativa de que deus, justo,
chamaria de volta,
a expectativa de que a terra a arar
fosse sempre próspera,
o gado sempre gordo,
a pessoa amada sempre perfeita.
Daí a gente vai construindo
castelos de areia,
constrói junto a esperança
de um castelo inabalável,
mas a onda vem,
o castelo vai,
se não ao todo, em partes.
E quando a gente olha,
a gente vê o que olha, sim,
mas vê sempre através da lente
dos nossos olhos,
da lente dos nossos sentimentos.
Coração é óculos...
coração de ósculos,
carente de amplexos.
É bom prestar atenção ao seu olhar,
falo por mim, em especial,
mais que ao olhado.
O olho engana, mancomunado com a história
que a gente carrega,
associado com o passado recente
e o passado passado,
que não passou merda nenhuma.
Ficou, como lembrança, como trauma,
como marca feita a brasa,
com cicatriz de quem sobrevive,
mas a cicatriz é visível.
Preste, sim, atenção ao olhado,
mas lembre-se do engano que te faz passar
as lentes que te envolvem,
sempre te envolvem,
sempre nos envolvem
e muitas vezes distorcem.
Cuidado com as miragens.
Idealizar é criar miragens,
é tentar paragens onde não se para,
ou seguir onde se deveria parar.
A vida é mesmo assim, criamos mitos, geramos expectativas, sonhamos, idealizamos, construímos castelos (alguns mais sólidos outros nem tanto). Isso é viver! Não é acreditar numa vida perfeita, um conto de fadas. Pense! O que seria de nós sem esses sentimentos, impulsos, vivências? São essas expectativas que nos movem, nos fazem querer que seja diferente, nos motivam a ir em frente.
ResponderExcluirClaro que usamos algumas “lentes”, alguns usam máscaras, mas isso se deve ao fato de cada um ter suas próprias verdades, o mundo não é mais do que a leitura que fazemos dele, de acordo com nossa leitura, nossa interpretação, subjetiva e até errônea se analisada por alguns, mas não somos detentores da verdade absoluta.
No meio desse turbilhão de vivências e emoções seríamos desumanos se não trouxéssemos conosco algumas marcas, feridas, cicatrizes... Caso contrário de que nos serviriam essas experiências? O que não dá é pra viver eternamente com feridas abertas, sangrentas, embora não seja a coisa mais fácil do mundo e pode ser um processo demorado, é possível sim que elas se fechem e a vida siga em frente.
Uma vida sem dores, sem amores, sem decepções, não nos faria crescer como seres humanos e seria um perfeito tédio, o fato de saber que vivemos uma diversidade, uma inconstância é o que nos move, nos impulsiona a lutar pelo amanhã.
Em minha opinião, já que estamos aqui, vivos, ativos, sonhadores, o melhor a fazer é tentar no mínimo sermos pessoas intensas, entregues a essa grande aventura chamada VIDA.
muito bom, ivan, coração é óculos mesmo. tão díficil olhar o olhado só com que o olhado é, sem mistificações, idealizações, miragens... ou pelo menos sem que se sobreponham ao que o outro é... muito difícil, ivan, muito...
ResponderExcluirComo tudo na vida, as lentes são dúbias: algo a se ter cuidado, evitado, e também algo que temos por necessidade.
ResponderExcluirEu nem diria que é difícil "olhar o olhado só como o que o olhado é", pois mais que difícil é IMPOSSÍVEL.
Importante é só saber da existência das lentes, como de tudo mais que nos forma e nos torna humanos.
Quanto às lentes e às máscaras, as lentes são naturais, inerentes, as máscaras, muitas vezes são maliciosas. Enquanto as lentes nos lubridiam inocentemente, como consequência, usualmente as máscaras são maliciosas.
A vida é uma aventura, sim, com amores, dores, quereres, mas é tão bom ter os temperos e caprichar no trato do bom, não é?
Outro castelo foi embora...
ResponderExcluirMaldita onda...
Maldito Castelo...
Maldita eu....
Acho que vou juntar mais areia..
Contruir lá no alto..
Onde a maré não chega..
Onde nada chega..
Mas a maré sempre chega..
Maldita maré...
Bendita areia...
Adorei o poema, Aline.
ResponderExcluir"Preste mais atenção ao seu olhar,
ResponderExcluirmais que ao olhado."
perfeita poesia, tudo sincronizado, tudo claro, tudo totalmente sensato. Homens e suas caracterísicas únicas de escrever, tão sensatos e quase racionais.
mais que belas palavras, é uma bela mensagem, um belo enredo, seu texto.
;*
Luna, Luna,
ResponderExcluirQuase racionais... gostei da colocação. É um racional mesclado com emocional essa coisa toda do olhar idealizar, querer, não querer pelo que se vê e pelo que se pensa ter visto.
É impossível não idealizar, a questão está em saber da existência das lentes metafóricas e limpar as lentes do coração pra ver melhor, sem mágoas que vêm da história, de outras vivências, mesmo existentes.
Todo dia se pode recomeçar uma nova história, não esquecendo o passado, mas superando-o e se tornando melhor com ele... tentando, no mínimo.
Beijo grande.